As primeiras colheitas na área de atuação da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do mundo, mostram uma quebra superior aos 30 por cento apontados em um estudo recente do setor sobre a safra de café no sul de Minas Gerais.
No entanto, os resultados iniciais, embora indiquem um problema ainda maior para os produtores, podem não espelhar o resultado final da safra 2014 afetada severamente pela seca e altas temperaturas do início do ano.
A afirmação é de Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas, principal região produtora de café arábica do Brasil.
O país é o maior produtor e exportador global da commodity, que atingiu máximas de mais de dois anos recentemente em Nova York por temores sobre a redução na oferta brasileira.
“O que está deixando a gente alarmado é com relação à renda. Fizeram uma projeção que o grão iria ser menor (pela seca). Estão começando a colher, e está dando uma queda superior ao que se imaginava”, disse Paulino da Costa, em entrevista à Reuters, na noite de terça-feira.
Ele se referiu a uma pesquisa encomendada pelo Conselho Nacional do Café (CNC) à fundação de pesquisas Procafé, que apontou perdas de cerca de 30 por cento para o sul e oeste de Minas na comparação com o volume esperado pelo Ministério da Agricultura em seu primeiro levantamento, divulgado em janeiro, antes de o clima adverso afetar os cultivos.
“Aparentemente, a quebra no Sul de Minas vai ser superior aos 30 por cento. Mas se me perguntar quanto será, eu não tenho condições de chutar”, disse Paulino da Costa.
O número de quebra apurado pela fundação, inclusive, foi muito semelhante a uma avaliação inicial feita em fevereiro pelo presidente da Cooxupé.
“Mas, estatisticamente (considerando o restante da safra), não é correto afirmar que vai perder mais (com base apenas nos números iniciais)”, disse Paulino da Costa, explicando que o café colhido agora é possivelmente aquele que sofreu mais os efeitos da seca e das altas temperaturas.
O representante dos produtores disse que a cooperativa já recebeu café em suas unidades de Minas dos municípios de Carmo do Rio Claro, Alpinópolis e Alfenas.
“Já entrou café, e houve uma quebra muito grande. Não convém falar os valores, não acredito que será neste nível (de quebra até o final)”, comentou.
Colheita – O presidente da Cooxupé afirmou que o volume colhido na área da cooperativa ainda é tão pequeno que não é possível falar em percentual colhido.
Ele ressaltou, contudo, que a colheita está adiantada, também pelo efeito climático, que acelerou o ciclo dos cafezais. “Essa colheita que acontece agora, aconteceria em maio, adiantou mais de 15 dias”, disse ele, confirmando informação de especialistas.
“Quem está colhendo agora faz colheita manual, para colher com a máquina, precisa estar mais maduro no pé inteiro… Manualmente, em talhão pequeno, ele consegue ser seletivo, não colher o grão verde.”
As chuvas recentes que atingem as regiões produtoras, inclusive as da Cooxupé, não devem atrapalhar a colheita no momento, segundo Paulino da Costa, até porque o percentual da área com cafezais prontos é pequeno.
A Somar Meteorologia aponta acumulados acima da média de abril para a região de Varginha, no sul de Minas, além de prever um final de abril chuvoso para as principais regiões cafeeiras do país.
“Não atrapalha, pois poucas pessoas começaram. A chuva agora é positiva, pois repõe a umidade do solo. Para a safra deste ano, não vai adiantar mais, mas para o futuro (safras futuras), sim.”
Chuvas que se prolongam por muitos dias costumam afetar os trabalhos e prejudicar a qualidade do produto colhido.
Fonte: Reuters
quarta-feira, 16 de abril de 2014 11:22 BRT
Por Roberto Samora
SÃO PAULO, 16 Abr (Reuters) – As primeiras colheitas na área de atuação da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do mundo, mostram uma quebra superior aos 30 por cento apontados em um estudo recente do setor sobre a safra de café no sul de Minas Gerais.
No entanto, os resultados iniciais, embora indiquem um problema ainda maior para os produtores, podem não espelhar o resultado final da safra 2014 afetada severamente pela seca e altas temperaturas do início do ano.
A afirmação é de Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas, principal região produtora de café arábica do Brasil.
O país é o maior produtor e exportador global da commodity, que atingiu máximas de mais de dois anos recentemente em Nova York por temores sobre a redução na oferta brasileira.
“O que está deixando a gente alarmado é com relação à renda. Fizeram uma projeção que o grão iria ser menor (pela seca). Estão começando a colher, e está dando uma queda superior ao que se imaginava”, disse Paulino da Costa, em entrevista à Reuters, na noite de terça-feira.
Ele se referiu a uma pesquisa encomendada pelo Conselho Nacional do Café (CNC) à fundação de pesquisas Procafé, que apontou perdas de cerca de 30 por cento para o sul e oeste de Minas na comparação com o volume esperado pelo Ministério da Agricultura em seu primeiro levantamento, divulgado em janeiro, antes de o clima adverso afetar os cultivos.
“Aparentemente, a quebra no Sul de Minas vai ser superior aos 30 por cento. Mas se me perguntar quanto será, eu não tenho condições de chutar”, disse Paulino da Costa.
O número de quebra apurado pela fundação, inclusive, foi muito semelhante a uma avaliação inicial feita em fevereiro pelo presidente da Cooxupé.
“Mas, estatisticamente (considerando o restante da safra), não é correto afirmar que vai perder mais (com base apenas nos números iniciais)”, disse Paulino da Costa, explicando que o café colhido agora é possivelmente aquele que sofreu mais os efeitos da seca e das altas temperaturas.
O representante dos produtores disse que a cooperativa já recebeu café em suas unidades de Minas dos municípios de Carmo do Rio Claro, Alpinópolis e Alfenas.
“Já entrou café, e houve uma quebra muito grande. Não convém falar os valores, não acredito que será neste nível (de quebra até o final)”, comentou.
COLHEITA
O presidente da Cooxupé afirmou que o volume colhido na área da cooperativa ainda é tão pequeno que não é possível falar em percentual colhido.
Ele ressaltou, contudo, que a colheita está adiantada, também pelo efeito climático, que acelerou o ciclo dos cafezais. “Essa colheita que acontece agora, aconteceria em maio, adiantou mais de 15 dias”, disse ele, confirmando informação de especialistas.
“Quem está colhendo agora faz colheita manual, para colher com a máquina, precisa estar mais maduro no pé inteiro… Manualmente, em talhão pequeno, ele consegue ser seletivo, não colher o grão verde.”
As chuvas recentes que atingem as regiões produtoras, inclusive as da Cooxupé, não devem atrapalhar a colheita no momento, segundo Paulino da Costa, até porque o percentual da área com cafezais prontos é pequeno.
A Somar Meteorologia aponta acumulados acima da média de abril para a região de Varginha, no sul de Minas, além de prever um final de abril chuvoso para as principais regiões cafeeiras do país.
“Não atrapalha, pois poucas pessoas começaram. A chuva agora é positiva, pois repõe a umidade do solo. Para a safra deste ano, não vai adiantar mais, mas para o futuro (safras futuras), sim.”
Chuvas que se prolongam por muitos dias costumam afetar os trabalhos e prejudicar a qualidade do produto colhido.