Globo Rural
Os produtores de café do sul de Minas Gerais estão colhendo a safra com um certo atraso. É o reflexo da falta de chuva no ano passado. O movimento dos apanhadores pelas ruas, antes mesmo do sol nascer, anuncia: é a colheita do café que está começando. Um pouco atrasada, por causa da falta de chuva nas primeiras floradas, mas a tempo de deixar os produtores animados com a possibilidade de recuperação.
Em uma propriedade em Três Pontas, no sul de Minas Gerais, a safra de 2014 foi 50% menor que nos anos anteriores, e rendeu apenas seis mil sacas. Mas para este ano a produtora Carmem Lucia de Brito está otimista. “A gente está esperando em torno de nove mil sacas, o que na verdade poderia ser até entre 10, 11 mil sacas.”
Só o sul de Minas Gerais, região responsável pela maior produção da variedade arábica do país, deve colher pouco mais de 10,4 milhões de sacas, um pouco abaixo do ano passado, por causa da seca de 2014.
Mas neste ano a qualidade do café está melhor, os grãos estão mais cheios, graças ao volume de chuva que se normalizou depois de fevereiro. “Essas chuvas que aconteceram com maior frequência foram excelentes para a recuperação dos cafezais, que estavam muito debilitados”, explica o agrônomo da fundação PROCAFÉ André Garcia.
Só que essa chuva, tão aguardada pelos produtores, agora representa também preocupação. É que no início da colheita, o excesso de umidade nos grãos pode levar à formação de fungos, o que influencia diretamente na qualidade da bebida.
O cafeicultor Ricardo Moura sabe disso. Na lavoura dele, em Três Corações, também no sul do estado, a expectativa é que a produção aumente das 2.400 sacas do ano passado, para até 3 mil agora. A colheita nos 90 hectares deve levar pelo menos três meses, período em que ele vai torcer por uma ajudinha do clima. “A gente espera que a chuva não pare, mas que dê uma trégua para que a gente consiga colher os frutos e para que ele tenha uma boa qualidade.”