Colheita de café está atrasada

Por: Jornal Correio de Uberlândia


Tempo seco elimina risco de prejuízos; preocupação é com o preço dos insumos

Frinéia Chaves – Especial para o Jornal CORREIO


Cafeicultores de Araguari e região já contabilizam um atraso médio de 60 dias
na colheita dos grãos. Para a maioria dos 350 agricultores que exploram o setor,
a colheita, que deveria ter começado em maio, só deve ser iniciada na segunda
quinzena deste mês. Em Patrocínio, no Alto Paranaíba, e municípios do entorno
somente em 30% das propriedades a colheita está em andamento.


“Felizmente esse tempo seco ajuda na preservação da qualidade do café. Quando
chove nesta época, a colheita de varrição é prejudicada pela umidade do solo”,
disse o produtor Antônio Medeiros. Na propriedade dele, onde é cultivado o tipo
arábica, a expectativa é de que a colheita comece na próxima semana. Enquanto
isso a contratação de 80 pessoas que vão trabalhar temporariamente é acertada.


O atraso na colheita de café foi gerado principalmente pelo longo período de
chuva no início deste ano, que estendeu o período de crescimento e maturação da
fruta. Esta situação não chega a preocupar os produtores, que não esperam ter
prejuízos, já que a qualidade dos grãos não foi comprometida e que a colheita
será feita em tempo hábil para atender aos contratos de venda.


No entanto, a economia dos municípios que têm na agricultura, com destaque
para a cafeicultura, uma das principais fontes de renda – fica à espera dos
recursos gerados pelo emprego nas lavouras. Nos cerca de 12 mil hectares
cultivados com café nos municípios que compõem a Associação dos Cafeicultores de
Araguari (ACA) – Indianópolis, Uberlândia, Tupaciguara e Cascalho Rico, além de
Araguari – serão empregados na colheita deste ano cerca de 2,5 mil
trabalhadores.


Aproximadamente 60% destas pessoas vêm de outras regiões à procura de
trabalho, segundo o diretor de relações públicas da ACA, Reinaldo Caetano. A
maior parte da colheita é mecanizada. Enquanto as atividades não se intensificam
nas lavouras, os trabalhadores vão se revezando nas fazendas onde a colheita já
começou.


Em uma propriedade de 200 hectares no distrito de Amanhece, a colheita
começou há uma semana. A empresária Evanete Peres, no ramo há cerca de 10 anos,
disse que entre os funcionários fixos estão outros 50 contratados em regime
temporário até setembro, quando deve terminar o trabalho.


Como outros cafeicultores, Evanete tem contratos pré-fixados. Ela afirmou que
o atraso na colheita não deve atrapalhar a entrega do produto no tempo
determinado. O atraso também não atrapalha a oferta do produto, já que há
estoque suficiente para atender à demanda interna e externa. “O mercado do café
é constante. Todos os dias se compra e todos os dias se vende”, disse Reinaldo
Caetano.


Região de Araguari deve produzir 500 mil sacas


A previsão para a região da ACA é de que sejam colhidas 500 mil sacas de
café. “Hoje, com 12 mil hectares, produz-se praticamente o mesmo volume de
alguns anos atrás”, disse Reinaldo Caetano. Ele se refere ao aumento de
produtividade na região. Com a utilização de novas tecnologias e linhagens, em
um hectare produz-se em média 30 sacas, 80% a mais que a média do País, que é de
17 sacas por hectare. Devido à crise na cafeicultura, entre 1995 e 2000, a área
plantada caiu do patamar de 20 mil hectares. 


Em Minas Gerais, segundo o Ministério da Agricultura, a produção de café deve
atingir, neste ano, 22,9 milhões de sacas. O Estado produz mais da metade da
safra nacional do grão.


Apesar de não haver preocupação quanto ao atraso na colheita, os
cafeicultores não estão satisfeitos. O motivo de reclamação são os altos custos
da produção, impulsionados principalmente pelo preço dos fertilizantes, que
subiu em média 80% nos últimos 12 meses.


Reinaldo Caetano destaca que o preço da saca de café nesta safra – cotado
nesta semana a R$ 265 – é praticamente o mesmo em relação ao ano passado, no
entanto, o custo de produção agora chega a R$ 250 por saca, “praticamente
empatando” com o valor de venda do produto.      

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