Solo e clima favoráveis fazem do Estado uma referência para este tipo de plantio
Agricultura | 08/03/2011 | 19h03min
Álvaro Bitencourt
Um Estado montanhoso, com chuvas regulares e bem distribuídas, com produtores atentos, que apostam em pesquisa e investem em tecnologia. Toda essa conjuntura faz do Espírito Santo o maior produtor de café conilon do país, com mais de 70% da produção nacional. A colheita deve acontecer somente em maio, mas a expectativa já é de um aumento de até 10% em relação à safra passada.
O amanhecer capixaba é inspirador. Alguns passos adiante, e você vê a orla – tomada de pessoas que caminham em busca da saúde. O cenário, claro, é convidativo.
Na capital Vitória, prédios e casas marcam a divisão da praia para a parte alta da cidade, cercada por morros. Características marcantes que chamam a atenção de quem passa. As águas calmas, claras e limpas do litoral, além da saborosa muqueca capixaba feita com lagosta e camarão, são outros grandes destaques que reforçam o Estado como parada certa para turistas de outras regiões.
Mas as terras montanhosas e as chuvas regulares e bem distribuídas fizeram do Espírito Santo referência, também, no cultivo de café conilon. A importância da atividade cafeeira está refletida em números. O Estado é responsável por mais de 70% da produção nacional.
– O segredo é como eu te falei, você tendo um bom manejo, você pulverizando na época certa, aplicando herbicida na época certa. Então eu acho que isso aí é um dos segredos – revela o agrônomo Pedro Mendonça.
O cultivo do conilon começou há quase 40 anos e hoje os produtores colhem os resultados obtidos com um amplo trabalho de pesquisa e aprimoramento da cultura. São na maioria pequenos e médios produtores divididos em pouco mais de 500 mil hectares. É o caso de Jaerson Pessati, que possui 48 hectares de terra no município de Linhares e há 15 anos se dedica ao conilon. A colheita começa somente em maio, mas a expectativa é animadora.
– Para nossa colheita agora em maio, a gente tem uma perspectiva de um aumento de 5 a 7 sacos por hectare, o que corresponde a uma média de 10% a 12%. Devido às chuvas do final do ano, e a gente se adequou bem ao manejo. O sistema de poda tentamos diferenciar um pouco, deixando mais hastes e possibilitando assim uma maior quantidade de grãos – conta o produtor.
– O café conilon é uma variedade que precisa de muita chuva para se desenvolver de, no mínimo, 1.500 milímetros anuais. E é o que está ocorrendo aqui, tanto primavera como verão e a tendência para os próximos meses é que essa chuva continue, até porque estamos em ano de Lã Nina e traz essa perspectiva para a cafeicultura capixaba. A tendência da colheita que começa em maio é que as chuvas comecem a diminuir, o que traz mai benefícios para os produtores, pois vão colher com tempo mais seco – explica o agrometeorologista da Somar Marco Antônio dos Santos.
Com uma produtividade média de 70 sacas por hectare, a cadeia cafeeira capixaba espera alcançar em torno de oito milhões de sacas do conilon. Para suprir este aquecimento, a indústria prepara um trabalho diferenciado, como conta o diretor da Abic, Egidio Malanquini.
– O setor industrial vem se preparando já há dois, três meses para renovar seus estoques, principalmente por estar recebendo nova safra. Com o aumento do consumo do mercado interno, as indústrias terão que se preparar o mais rápido possível para atender mercado e demanda, que temos acesso e estaremos acompanhando crescimento de 2010.
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