Colheita de café no sul de Minas Gerais; maturação dos grãos da nova safra atrasou e afetou o andamento da colheita nas regiões produtoras brasileiras
27/06/2018 A colheita de café da safra 2018/19 – tanto de conilon quanto de arábica – está atrasada nas principais regiões produtoras do país. A demora para o café sair das lavouras tem diferentes motivos, a depender da localização. Não há, porém, impactos sobre preços, por ora.
No Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, a colheita está pelo menos 20 pontos percentuais atrasada. Normalmente, a colheita no Estado se inicia em abril, mas no ciclo 2018/19 – que começa oficialmente em julho – isso ocorreu apenas em maio, uma vez que a maturação dos grãos atrasou.
"A colheita está em 45% a 50% no Estado. Era para estar em cerca de 70%", estima Edimilsom Calegari, gerente geral da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), de São Gabriel da Palha, a maior cooperativa de conilon do país. "A maturação do café atrasou e depois amadureceu tudo de uma vez", afirma.
Com isso, a logística da colheita foi afetada e os grãos, agora já maduros nos cafeeiros, correm risco de infestação de pragas, por exemplo. "Se ficar muito tempo no pé, pode ter infestação de broca", diz Calegari. Um outro motivo para os trabalhos no campo estarem mais lentos no Estado é que falta mão de obra para a colheita na região, onde o café ocupa regiões montanhosas e é retirado dos pés manualmente.
Segundo Calegari, como a maturação atrasou, a safra de conilon "chegou junto com a de arábica". Com isso, muitas pessoas que normalmente trabalhavam na colheita do conilon a partir de abril no Espírito Santo e depois iam colher o arábica em Minas Gerais, neste ano estão indo direto colher o arábica.
A expectativa é a de que a colheita de café se recupere no Espírito Santo após períodos em que o conilon foi afetado pela seca. A estimativa é de que alcance 8,307 milhões de sacas, 40% mais que as 5,915 milhões do ciclo 2017/18, segundo a Conab. Essa recuperação foi possível graças à normalização das chuvas desde o ano passado. Mas as mesmas chuvas acabaram atrasando a maturação do café, pois fizeram com que as lavouras ficassem revestidas de folhas, protegendo os grãos e postergando o amadurecimento.
Na região de atuação da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), de Franca (SP), a colheita de café arábica da nova safra está cerca de 10 pontos percentuais atrasada. Segundo Jandir Castro Filho, gerente comercial, a colheita estava, até a última sexta-feira, em 10% a 12% do total esperado na área de atuação da cooperativa. Nesta mesma época da safra anterior, disse, o percentual colhido estava em 20% a 25%.
A produção dos cooperados da Cocapec, que atua em 24 municípios da Alta Mogiana Paulista e em Minas Gerais, deve alcançar 2,9 milhões a 3 milhões de sacas na nova temporada, praticamente o dobro da safra 2017/18, graças à bienalidade positiva do ciclo.
No caso dos associados da cooperativa, o clima e paralisação dos caminhoneiros atrapalharam os trabalhos de colheita. "Geralmente, o produtor começa a trabalhar a colheita em maio. Mas com a greve dos caminhoneiros, o trabalho parou durante 15 dias. E depois choveu", diz.
E o clima atualmente também não está ajudando muito, afirma Castro Filho. A razão é que os dias estão nublados, o que atrapalha a secagem do café nos terreiros. Normalmente, os grãos ficam cerca de 15 dias no terreiro e depois são levados ao secador. "Encheu o terreiro, não tem o que fazer", acrescenta. A preocupação se justifica já que os cafeeiros estão com mais carga, segundo ele, em função da safra de bienalidade positiva.
Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no sul de Minas, afirma que as temperaturas mais baixas e o menor volume de chuvas entre abril e maio atrasaram a maturação do café arábica, o que levou ao atraso na colheita.
Mas ele observa que na média das regiões em que a cooperativa atua (sul de Minas, São Paulo e Cerrado mineiro) o atraso é pequeno. Até a última sexta-feira a colheita estava em 22% do esperado, dois pontos percentuais abaixo de igual período do ciclo 2017/18. A Cooxupé prevê receber 5,4 milhões de sacas na safra nova safra. Segundo Costa, os grãos colhidos até agora apresentam qualidade acima da média.
Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), diz que o atraso na colheita não gera preocupação no momento uma vez que há estoques de passagem de café pra abastecer as torrefações.
Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Fonte : Valor
Colheita de café no sul de Minas Gerais; maturação dos grãos da nova safra atrasou e afetou o andamento da colheita nas regiões produtoras brasileiras
27/06/2018 – A colheita de café da safra 2018/19 – tanto de conilon quanto de arábica – está atrasada nas principais regiões produtoras do país. A demora para o café sair das lavouras tem diferentes motivos, a depender da localização. Não há, porém, impactos sobre preços, por ora.
No Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, a colheita está pelo menos 20 pontos percentuais atrasada. Normalmente, a colheita no Estado se inicia em abril, mas no ciclo 2018/19 – que começa oficialmente em julho – isso ocorreu apenas em maio, uma vez que a maturação dos grãos atrasou.
"A colheita está em 45% a 50% no Estado. Era para estar em cerca de 70%", estima Edimilsom Calegari, gerente geral da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), de São Gabriel da Palha, a maior cooperativa de conilon do país. "A maturação do café atrasou e depois amadureceu tudo de uma vez", afirma.
Com isso, a logística da colheita foi afetada e os grãos, agora já maduros nos cafeeiros, correm risco de infestação de pragas, por exemplo. "Se ficar muito tempo no pé, pode ter infestação de broca", diz Calegari. Um outro motivo para os trabalhos no campo estarem mais lentos no Estado é que falta mão de obra para a colheita na região, onde o café ocupa regiões montanhosas e é retirado dos pés manualmente.
Segundo Calegari, como a maturação atrasou, a safra de conilon "chegou junto com a de arábica". Com isso, muitas pessoas que normalmente trabalhavam na colheita do conilon a partir de abril no Espírito Santo e depois iam colher o arábica em Minas Gerais, neste ano estão indo direto colher o arábica.
A expectativa é a de que a colheita de café se recupere no Espírito Santo após períodos em que o conilon foi afetado pela seca. A estimativa é de que alcance 8,307 milhões de sacas, 40% mais que as 5,915 milhões do ciclo 2017/18, segundo a Conab. Essa recuperação foi possível graças à normalização das chuvas desde o ano passado. Mas as mesmas chuvas acabaram atrasando a maturação do café, pois fizeram com que as lavouras ficassem revestidas de folhas, protegendo os grãos e postergando o amadurecimento.
Na região de atuação da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), de Franca (SP), a colheita de café arábica da nova safra está cerca de 10 pontos percentuais atrasada. Segundo Jandir Castro Filho, gerente comercial, a colheita estava, até a última sexta-feira, em 10% a 12% do total esperado na área de atuação da cooperativa. Nesta mesma época da safra anterior, disse, o percentual colhido estava em 20% a 25%.
A produção dos cooperados da Cocapec, que atua em 24 municípios da Alta Mogiana Paulista e em Minas Gerais, deve alcançar 2,9 milhões a 3 milhões de sacas na nova temporada, praticamente o dobro da safra 2017/18, graças à bienalidade positiva do ciclo.
No caso dos associados da cooperativa, o clima e paralisação dos caminhoneiros atrapalharam os trabalhos de colheita. "Geralmente, o produtor começa a trabalhar a colheita em maio. Mas com a greve dos caminhoneiros, o trabalho parou durante 15 dias. E depois choveu", diz.
E o clima atualmente também não está ajudando muito, afirma Castro Filho. A razão é que os dias estão nublados, o que atrapalha a secagem do café nos terreiros. Normalmente, os grãos ficam cerca de 15 dias no terreiro e depois são levados ao secador. "Encheu o terreiro, não tem o que fazer", acrescenta. A preocupação se justifica já que os cafeeiros estão com mais carga, segundo ele, em função da safra de bienalidade positiva.
Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no sul de Minas, afirma que as temperaturas mais baixas e o menor volume de chuvas entre abril e maio atrasaram a maturação do café arábica, o que levou ao atraso na colheita.
Mas ele observa que na média das regiões em que a cooperativa atua (sul de Minas, São Paulo e Cerrado mineiro) o atraso é pequeno. Até a última sexta-feira a colheita estava em 22% do esperado, dois pontos percentuais abaixo de igual período do ciclo 2017/18. A Cooxupé prevê receber 5,4 milhões de sacas na safra nova safra. Segundo Costa, os grãos colhidos até agora apresentam qualidade acima da média.
Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), diz que o atraso na colheita não gera preocupação no momento uma vez que há estoques de passagem de café pra abastecer as torrefações.
Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Fonte : Valor
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