Colhedora de café conilon é testada em Pinheiros no Espírito Santo

08/08/2011 – Produtores das regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo e do Sul da Bahia e pesquisadores agrícolas estiveram reunidos, nesta quarta-feira (03), em Pinheiros, para o primeiro teste com a máquina colhedora de café conilon no Estado. A demanda surgiu em razão da falta de mão de obra nestas duas regiões do Estado durante o período de colheita de café, produto mais importante na economia agrícola capixaba.
 
O teste só foi possível devido à da parceria entre Secretaria de Estado de Agricultura (Seag), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), Universidade Federal de Lavras (MG) e a empresa Jacto S/A, fabricante da máquina.
 
Para esse primeiro teste foi utilizada uma colhedora destinada ao café arábica, já que essa variedade permite a colheita mecanizada por sistema de vibração, por ter grãos mais soltos e separados. O pagamento de aluguel e transporte da máquina, cerca de R$ 27 mil, foi custeado pelo Sicoob e pela Cooabriel, já a experiência foi coordenada pelo engenheiro mecânico Fábio Moreira da Silva, da Universidade Federal de Lavras (MG).
 
De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, esse teste foi primordial para exterminar o gargalo que é a mão de obra para a colheita do café e para acertos da máquina. “Os produtores enfrentam dificuldades para contratação de mão de obra durante a colheita do conilon, o que acarreta prejuízo na qualidade do produto e na lucratividade da atividade. Por ser um trabalho sazonal, durante a colheita é preciso contratar os temporários para realizá-la. Essa é uma questão que está sendo levada em conta para a realização do teste. Já os técnicos e pesquisadores puderam observar o desempenho da colheitadeira, que é fabricada para as plantas do arábica, e a adequarem para a planta do café conilon, por serem de estruturas diferentes”, afirmou Bergoli.
 
“A cafeicultura do Espírito Santo precisa de uma ferramenta capaz de ajudar nas futuras colheitas, que irão conviver com a mão de obra escassa. Temos que dar à produção de café capixaba um novo rumo para que não haja atrasos e atenda ao exigente mercado que existe atualmente”, ressaltou o presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo.
 
Para Bento Ventorim, diretor presidente do Sicoob, o apoio para o aluguel da máquina vem de encontro às necessidades do produtor. “Tanto os pequenos quanto os grandes produtores saem ganhando com a viabilização da colheita mecanizada do café conilon, pois vai trazer um maior aproveitamento dos grãos e com isso o lucro é certo”, disse.
 
“No momento nossa região passa por problemas em conseguir mão de obra para a colheita do café e esse maquinário vem para nos ajudar a colher mais rápido e com o pessoal que conseguirmos contratar, pois poucos grãos ficam no pé após a colheita da máquina e os que caíram no chão também podem ser aproveitados”, pontuou Antônio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooabriel.
 
Segundo estudos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cerca de 75% da produção de café no Brasil ocorre em propriedades de até 10 hectares, onde os gastos com a colheita manual giram em torno de 30% do custo total de produção. “Com a adoção da mecanização na colheita, calcula-se que haveria uma redução desse gasto em 50 por cento, o que levaria a participação da colheita no custo total de produção a 15 por cento”, destacou o coordenador do programa de cafeicultura do Incaper, Romário Ferrão.
 
“Vai ser uma coisa muito boa para nós. Tenho 70 anos e já não tenho tanto vigor para a colheita, além disso, vamos terminar o serviço mais rápido”, comemorou o produtor José Gentil da Silva.
 
Cafeicultura no Espírito Santo – O Espírito Santo ocupa menos de 0,5% do território brasileiro. Nessa pequena área, está inserida uma das mais imponentes cafeiculturas do mundo, numa área aproximada de 500 mil hectares, que são responsáveis pela produção anual de 10,7 milhões de sacas, entre arábica e conilon, oriundas de 60 mil propriedades. Essa produção coloca o Espírito Santo como o segundo maior produtor do Brasil, com 25% da produção nacional. Quando se trata apenas do conilon, o Estado ocupa o primeiro lugar, com 72 % da produção brasileira. Se fosse um País, o Estado seria o terceiro maior produtor mundial, perderia para o próprio Brasil e Vietnã.
 
O café está presente em todos os municípios capixabas, exceto Vitória, sendo também o maior gerador de empregos no Estado. A cafeicultura é a principal atividade econômica em 80% dos municípios e representa, sozinha, 43% do PIB agrícola do Espírito Santo. Toda a cadeia que envolve o café gera aproximadamente 400 mil postos de trabalhos por ano, e só na produção são envolvidas 131 mil famílias. A produção que gera esse grande negócio é obtida prioritariamente por produtores de base familiar, com tamanho médio das lavouras em torno de 4,8 hectares para o café arábica e 9,4 hectares para o conilon.

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