Coccamig: rodada de negócios deve mover R$ 40 mi em 2010
Gazeta Rural de Varginha
12/07/2010
O presidente da Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais – Coccamig, José Edgard Pinto Paiva, representando 15 cooperativas, fala sobre as dificuldades dos mais de 20 mil produtores rurais, os quais compõem a instituição, e as perspectivas de crescimento.
GR: Qual a função da Coccamig?
JEPP: Quando a Coccamig foi fundada, em meados da década de 1980, seu principal objetivo era a comercialização de café. Com o passar dos anos, sua função foi sendo ampliada e a Central passou a atuar nos diversos departamentos existentes nas cooperativas, capacitando seus funcionários através de cursos e treinamentos, realizando parcerias com empresas nacionais e multinacionais, padronizando processos, procedimentos e recomendações, ampliando representatividade política, além de sempre estar fortalecendo o cooperativismo no sistema.
GR: Quais benefícios são proporcionados aos associados?
JEPP: A principal função de qualquer cooperativa é balizar o mercado. No caso da Coccamig, além de balizar é possível encontrar nas cooperativas filiadas economia na compra de insumos e valorização na venda da produção. A Central, através da força conjunta de suas filiadas, consegue um maior poder de barganha e economia de escala com seus fornecedores e clientes.
GR: Há pretensão de aumentar o número de associações?
JEPP: Nosso lema é “A Força da União”. Portanto quanto mais cooperativas ingressarem em nossa central mais força teremos, seja ela na área de insumos, comercialização de café ou representatividade política.
GR: Qual a finalidade da Rodada de Negócios?
JEPP: A Rodada de Negócios é um evento promovido pelo Sebrae para prospecção e geração de negócios. É um evento que proporciona o aumento e a diversificação de fornecedores dos diversos insumos comercializados pelas cooperativas.
GR: Como é feita a seleção das empresas vendedoras?
JEPP: Para definição da empresa vencedora, diversos critérios são avaliados: qualidade do produto, idoneidade da empresa, capacidade de fornecimento, portfólio ofertado, suporte técnico e principalmente as condições comerciais. Todo esse cuidado é tomado para que nossos cooperados tenham insumos de qualidade e de baixo custo e saiam satisfeitos no momento de adquirir seus produtos em uma das lojas das cooperativas filiadas à Coccamig.
GR: Quanto é movimentado em cada rodada de compra?
JEPP: Depende do produto negociado em cada rodada. Atualmente a central Coccamig realiza três rodadas por ano. Em 2009 as Rodadas movimentaram algo em torno de R$ 12 milhões. A meta para 2010 é movimentar R$ 40 milhões.
GR: Além do preço menor, há outros benefícios da compra conjunta?
JEPP: Com certeza. Quando se negocia em conjunto, os compradores das cooperativas têm a segurança de que naquele momento foi realizada a melhor negociação do melhor produto, isto é, um dos fatores para o fechamento da negociação é a qualidade do mesmo. Além disso, pode-se citar como benefícios a troca de informações, o estreitamento da relação de confiança entre os compradores, a padronização dos produtos negociados e treinamentos técnicos, prestação de serviços, entre outros. Todos esses fatores engrandecem a Central e suas filiadas.
GR: Você acredita que adquirir equipamentos e insumos a preços menores é uma maneira de aumentar a renda do produtor rural?
JEPP: É fundamental que os produtores comprem os produtos, implementos e insumos que utiliza na sua propriedade nos melhores preços, pois com isto ele reduz o custo, fica mais competitivo e ajuda na obtenção de renda, que é o principal problema na agricultura.
GR: Qual seria a maior dificuldade enfrentada pelos produtores rurais que compõem a Coccamig?
JEPP: Falta de políticas públicas, variação cambial, endividamento, legislações trabalhista e ambiental, além da disparada dos custos de produção. Nos últimos 15 anos, de 1994 a 2009, o custo de produção teve um aumento de 250% contra uma “valorização” de no máximo 25% na saca de café arábica. Segundo a Fundação Procafé, o custo médio da saca de café arábica é R$ 230 para uma venda média a R$ 250 reais, considerando o conjunto da safra, ou seja, cafés finos, moles e riados/rio.
GR: Diante da desvalorização dos produtos agropecuários, qual será o futuro da agropecuária?
JEPP: Em todos os países desenvolvidos, a agricultura é vista como uma atividade fundamental para o país. Por isso a maioria desses países subsidia esta atividade, que é a razão de subsistência de todos os povos. A Coccamig, dentro de suas possibilidades, tem procurado unir as cooperativas e seus produtores para exercer atividades de compra e venda em escala, seja no departamento de insumos quanto na comercialização do café. Através da força de seus 20 mil produtores a Coccamig também exerce ações políticas em prol da classe cafeeira. Para tanto é fundamental o apoio constante que recebemos de entidades como a OCEMG, SEBRAE e Fundação Procafé.
GR: Você acredita que o atual Código Florestal tem dificultado a geração de renda dos produtores rurais?
JEPP: O atual código florestal tem dificultado e muito a geração de renda pelo produtor rural que hoje é considerado um bandido pela sociedade. É fundamental entendermos que os maiores poluidores do planeta são as cidades e indústrias. Acreditamos que todos deveriam contribuir para que possamos ter uma vida mais harmoniosa, sem poluição e melhor qualidade de vida. A agricultura, segmento que abastece nossos lares com alimentos, não pode ser considerada a única vilã do caos ambiental instalado no mundo e ser a única penalizada por isso. O respeito ao meio ambiente é fundamental para perpetuação da vida, mas a agricultura sustentável é que vai alimentar a sociedade. Portanto temos que condenar os excessos, mas não podemos impedir o desenvolvimento da agricultura.
GR: Quais são os projetos ainda para 2010?
JEPP: Em 2010 terminaremos nossa reforma estatutária e do regimento interno, iremos solidificar a nossa central de negócios, implementaremos nosso departamento de café e iniciaremos nosso trabalho com café especiais.