(20/03/2009 08:54)
Em 15 anos, o custo na lavoura subiu mais de 500% e o preço pago pelo produto, apenas 22%
A cooperativa dos produtores de café de Franca está com o menor estoque em 24 anos de funcionamento. O custo de produção é o maior problema do setor. Segundo os produtores, nos últimos 15 anos, o custo na lavoura subiu mais de 500%, enquanto o preço pago pelo produto, apenas 22%.
Franca é a maior produtora do café arábica no Estado de São Paulo. A variedade é uma das mais comercializadas no país. A cafeicultura gera dois milhões de empregos diretos no campo e oito milhões indiretos no Brasil. O Instituto de Economia Agrícola constatou um crescimento da área plantada. Em 2001, eram quase 37 mil hectares, ano passado, 52,5 mil.
A safra é bianual e este ano foi afetada pelas chuvas irregulares no segundo semestre do ano passado, época de florada. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra deve ser de 15% a 20% menor que a passada. Apesar disso, os produtores da região se preparam para uma queda ainda maior.
O presidente da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), Maurício Miarelli, acredita em uma diminuição de 35%. O estoque na Cocapec é o menor desde o início das atividades. O galpão vazio tem agora outras funções, como espaço para encontros. No ano passado, a cooperativa recebeu 900 mil sacas para serem vendidas quando o preço estivesse melhor e, agora, restam apenas 270 mil. Os cooperados preferiram gerar capital de giro, já que o valor pago pelo produto não subiu.
Há 80 anos, a família do produtor de café Galileu Macedo vive da cafeicultura em Franca. Ele se lembra da época de grande impulso na produção, mas, há pelo menos cinco anos, não faz investimentos. A área plantada se mantém em 95 hectares.
Os produtores querem que o governo federal compre café para fazer um estoque e regularizar o mercado.