Um alerta sobre os efeitos do “cobertor curto” financeiro do governo federal na performance do agronegócio brasileiro foi feito esta semana em Zurique, Suíça, por um especialista no assunto, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rod
Ao falar aos jornalistas disse, notadamente, que o atraso sistemático na liberação de verbas para o setor bloqueia investimentos e pesquisas na área, além de levar o empresário do campo a aumentar seu endividamento em época de juros altos e dólar baixo, o que afeta sua rentabilidade (na exportação, principalmente).
Enfim, eis um problema recorrente na história do setor no País, mas que se agrava agora, em época de significativo crescimento do agronegócio pátrio que, aceleradamente, se transforma cada vez mais em um gigante no contexto internacional.
Gigante de pés de barro? É o que procura evitar, o ministro, que já se declara “frustrado” com a situação com a qual se depara, apesar de reconhecer “que as demandas são muitas e não cabem no cobertor do orçamento nacional”, como disse aos jornais, quarta-feira. Mesmo assim, continua a batalhar por mais recursos para o segmento, sem “entregar a toalha”, dando um exemplo de persistência a ser seguido, no setor e fora dele.
Há dias, por exemplo, o Conselho Monetário Nacional adiou decisão sobre proposta de seu ministério, de liberação de R$ 400 milhões para custeio da safra 2006/2007 de café, com ampliação do limite de empréstimo, por agricultor, de R$ 140 mil para R$ 240 mil. Há chances do mesmo pleito voltar à baila em próxima reunião do CMN, neste mês de outubro.
Este ano, alertou o ministro Rodrigues, em Zurique, já se pode esperar uma redução no volume da produção agrícola brasileira, com conseqüente recuo do superávit agrícola na balança comercial. Para o próximo ano há indicadores preocupantes, informou, já que a renda agrícola caiu em cerca de R$ 17 bilhões de 2004 para cá.
Trata-se, portanto, de situação delicada a ser tratada com cuidado e presteza pelo governo federal, já que, neste mês de outubro, inicia-se o plantio para a próxima safra. O agronegócio brasileiro já alcançou magnitude suficiente para que suas reivindicações, quando evidentemente justificadas, tenham rápida solução por parte das autoridades constituídas