São Paulo – A
fábrica de máquinas agrícolas da Case New Holland (CNH) na Cidade Industrial de
Curitiba vai produzir uma linha nova de produtos em 2006, anunciou ontem o
presidente da companhia para a América Latina, Valentino Rizzioli. Sem revelar
detalhes deste projeto, o executivo informou que ele integra o plano de
investimentos de US$ 35 milhões (cerca de R$ 80 milhões) que serão aplicados no
país no próximo ano.
No Brasil, a CNH – divisão do grupo Fiat para as
áreas de máquinas agrícolas e de construção de obras – possui três fábricas:
Curitiba (tratores e colheitadeiras de grãos das marcas Case IH e New Holland);
Piracicaba, SP (colhedoras e transbordos de cana e plantadeiras de grãos Case
IH) e Contagem, MG (máquinas para construção New Holland e Case). Segundo
Rizzioli, não estão previstas novas demissões na fábrica paranaense que, neste
ano, dispensou 220 pessoas.
A previsão de investimento foi mantida,
apesar do fraco desempenho das vendas de máquinas agrícolas em 2005 – decorrente
da descapitalização do agricultor devido à seca e à queda de preços dos
principais produtos. Foi o pior ano da década, com queda média de 75% na venda
de colheitadeiras e quase 25% na de tratores. Mas Rizzioli prevê um faturamento
bruto apenas “um pouco menor” que os US$ 1,4 bilhão registrados em
2004.
Para a CNH, a “salvação da lavoura” veio do bom desempenho de
vendas para os setores de cana-de-açúcar, café e fruticultura e para o segmento de
máquinas utilizadas na construção de grandes obras e na mineração, que teve o
melhor resultado em cinco anos. “Além disso, racionalizamos os custos e
aumentamos o índice de nacionalização de componentes”, disse Rizzioli. A média
de nacionalização da companhia cresceu de 78% para 87% entre 2004 e este
ano.
A fabricação de colhedoras de cana passou de 110 máquinas, há três
anos, para 250. Em 2006, a meta é chegar a 350. Além do crescimento da produção
brasileira de açúcar e de álcool, a expansão é resultado de uma estratégia da
companhia: desde 2003, a CNH concentra, em Piracicaba, toda a sua produção
mundial de colhedoras de cana, segmento no qual ela é líder, com mais de 50% do
mercado.
No segmento de grãos, Rizzioli prevê sinais de recuperação do
mercado brasileiro de tratores e colheitadeiras a partir do segundo semestre de
2006. “O Moderfrota (programa federal de financiamento, com juros subsidiados
pelo governo) conseguiu renovar 40% do parque brasileiro de máquinas. Ainda
faltam 60%. Uma colheitadeira velha e mal regulada pode significar perdas de até
9% dos grãos colhidos, enquanto nas máquinas novas esse índice é de
aproximadamente 1%.”
Para que a empresa continue exportando para 80
destinos, o presidente da CNH espera a desvalorização do real em 2006, sem
apontar um patamar ideal. “Se o câmbio continuar deste jeito, abriremos espaço
para os concorrentes, que depois será difícil recuperar”. A CNH exporta 35% de
sua produção.
O jornalista viajou a convite da CNH.
Valmir
Denardin