De São
Paulo
Após um ano de queda nas vendas de máquinas agrícolas devido à crise no
setor de grãos, a CNH, fabricante de tratores, colheitadeiras e equipamentos
para obras de infraestrutura do grupo Fiat, prevê recuperação na receita em
2006, graças à demanda aquecida nos setores de cana-de-açúcar, café, fruticultura e construção
civil.
“Este ano a CNH não teve um desempenho recorde como em 2004, mas
ainda sim vamos fechar com lucro”, avaliou Valentino Rizzioli, presidente da
empresa para a América Latina. Em 2004, a CNH teve faturamento global de US$
11,7 bilhões, sendo 8% provenientes das operações no Brasil (ou US$ 936
milhões). O lucro líquido global alcançou US$ 125 milhões.
Segundo
Rizzioli, a receita no Brasil vem das operações do Banco CNH (cuja carteira
cresceu 10% neste ano, para R$ 3,3 bilhões), da vendas de máquinas para
infra-estrutura e de máquinas agrícolas.
Em anos anteriores, o setor de
máquinas agrícolas respondeu por 60% das vendas do grupo, mas neste ano a maior
parte da receita veio do setor de construção. “Em 2006, com a recuperação na
área agrícola, a tendência é que a receita dos dois setores se
equiparem”.
Rizzioli disse que as vendas de tratores e colheitadeiras
caíram 40% neste ano – resultado suavizado pelo incremento de 30% nas vendas de
produtos para cana no Brasil (para 102 unidades). Nos últimos dois anos, a CNH
elevou a produção desses itens de 110 para 247 unidades com a transferência das
linhas produzidas na Austrália para a fábrica de Piracicaba (SP).
Para
2006, a expectativa é ampliar esse número para até 350 máquinas. Rizzioli disse
que em São Paulo 40% da colheita de cana é mecanizada, o que indica potencial de
expansão. “No exterior, cresce a demanda no Oriente, América Latina e Estados
Unidos”.
Além da cana, as áreas de café, pecuária leiteira e fruticultura
também são vistos como potenciais para as vendas em 2006. Rizzioli prevê
retomada no setor de grãos a partir do segundo semestre, no plantio da safra
2006/07. “O fundo do poço foi este ano. Os produtores devem retomar as compras”,
afirmou.
O executivo observou que a empresa também reduziu custos por
meio da substituição de peças importadas por nacionais. O índice de
nacionalização dos componentes subiu de 78% para 87% neste ano. “A proximidade
dos fornecedores permitiu reduzir estoques e baixar custos
operacionais”.
Na área de exportações, Rizzioli espera manter o ritmo de
embarques, dependendo do câmbio. A empresa exporta 35% da produção. Na área de
construção, os pedidos para 2006 estão 20% maiores. A CNH tem 40% deste mercado,
que consome 6 mil máquinas/ano.
A empresa também deverá investir US$ 35
milhões na modernização de fábricas e desenvolvimento de produtos em 2006. O
valor é o mesmo investido neste ano na área de pesquisa e em uma nova sede para
o Banco CNH em Curitiba (PR), inaugurada
hoje.(CB)