CNC – Recursos do Funcafé chegam a alguns agentes financeiros

BALANÇO SEMANAL — 19 a 23/08/2013


– Recursos do Funcafé chegam a alguns agentes financeiros; No mercado, valorização do dólar tem prejudicado a comercialização de commodities como o café


LIBERAÇÕES DO FUNCAFÉ — Desde o final da semana passada, os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) começaram a ser repassados, de fato, aos agentes financeiros. Até esta sexta-feira, 23 de agosto, dos R$ 3,16 bilhões autorizados para repasse na safra 2013, foram liberados R$ 957,616 milhões.


De acordo com publicações no Diário Oficial da União, os agentes que assinaram contrato com o Departamento do Café, da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram, por ordem de tomada de recursos, Bancoob, Itaú BBA, Banco Votorantim, Rabobank, Bicbanco, Banco Original, BPN Brasil e Banco Ribeirão Preto (confira liberações na tabela abaixo).


O Conselho Nacional do Café (CNC) lembra que essa é apenas uma parcela do total de R$ 5,824 bilhões — maior volume da história — à disposição da cadeia produtiva do café para a safra 2013. Desse montante, R$ 3,16 bilhões são para repasses às linhas de financiamento do Funcafé; R$ 1 bilhão para estocagem e aquisição de café e mais R$ 614 milhões para capital de giro do setor industrial e das cooperativas, recursos esses oriundos do Banco do Brasil; e R$ 1,050 bilhão para o programa de opções públicas de venda de café, envolvendo 3 milhões de sacas, ao preço referencial de R$ 343 para o arábica tipo 6, além de ágio para cafés arábicas superiores e deságio para inferiores.


À medida que esses recursos são liberados aos agentes financeiros para a posterior tomada por parte dos produtores, podemos evitar um excesso imediato de oferta de café, fator que pressionaria ainda mais os preços já aviltados praticados no mercado. E, ainda, entendemos que essa é uma forma para que o cafeicultor, ao conseguir ordenar sua comercialização, possa aproveitar melhores momentos das cotações e negociar o produto a preços que cubram suas despesas e permitam rentabilidade na atividade.


CERTIFICA MINAS CAFÉ — Na quarta-feira, 21 de agosto, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais (Seapa) anunciou que a empresa alemã Tchibo — uma das mais conceituadas indústrias de café do mundo — será a primeira compradora internacional dos cafés arábica com o selo Certifica Minas Café, criado pelo governo estadual.


Esse lote de café com o selo do Certifica Minas, comercializado pela Exportadora Guaxupé com a Tchibo, conta com 50 mil sacas de 60 kg. Mesmo não tendo sido divulgados valores, a Seapa comunica que houve um bônus (prêmio) por saca sobre o preço de mercado para o produto exportado, o qual conta com diferencial do selo de certificação de propriedade.


O CNC sempre foi assíduo apoiador e defensor de uma iniciativa de vanguarda como o Certifica Minas, o primeiro programa governamental nessa linha para café que, certamente, beneficiará milhares de produtores que se adequarem a boas práticas agrícolas, ambientais e sociais e integrarem o projeto. E a compra da Tchibo, por sua relevância no mercado mundial, indica que o programa está no caminho certo, obtendo reconhecimento internacional e demonstrando a valorização que investir para melhorar a sustentabilidade da cafeicultura brasileira traz.


MERCADO — As cotações internacionais do arábica e do robusta acumularam queda na semana, pressionadas pela desvalorização das moedas dos países produtores frente ao dólar norte-americano e pelas especulações de ampla oferta mundial. Em Nova York, o vencimento setembro do contrato C declinou 730 pontos até o fechamento da quinta-feira, 22 de agosto, quando atingiu US$ 1,1320 por libra-peso. Na Bolsa de Londres, a cotação do robusta (vencimento setembro do contrato 409) apresentou desvalorização acumulada de US$ 132 por tonelada no mesmo período analisado, situando-se em US$ 1.781/t.


No caso da variedade robusta, além da desvalorização das moedas dos países produtores, os investidores têm apostado na queda das cotações em função das previsões de uma safra volumosa no Vietnã, no ciclo 2013/14. Com a depreciação das cotações em Londres, produtores vietnamitas e indonésios voltaram a reduzir o ritmo dos negócios na tentativa de forçar o pagamento de maiores prêmios pelas sacas de café.


A desvalorização do real tem sido um importante fator de queda das cotações do arábica na Bolsa de Nova York. A falta de confiança dos investidores nos rumos da política econômica brasileira tem feito com que o real se desvalorize mais ante o dólar em relação às outras moedas de países emergentes. Na quarta-feira, quando foi divulgada ata do Comitê Federal de Mercado Aberto do Banco Central dos Estados Unidos (FOMC/FED, em inglês) com informações sobre a tendência de redução dos estímulos à economia norte-americana, o dólar encerrou o dia a R$ 2,4512, a maior cotação desde 9 dezembro de 2008. No acumulado da semana, até o fechamento da quinta-feira, a moeda americana teve alta de 1,5%.


Com a significativa queda das cotações em Nova York, a alta da taxa de câmbio brasileira não tem contribuído para maiores preços em reais aos produtores de café. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o arábica acumulou desvalorização de 2,8% até a quinta-feira, em reais. Essa situação é muito preocupante, pois implica em maior desequilíbrio entre receitas e despesas, visto que a cafeicultura brasileira é dependente de fertilizantes e defensivos importados, cujos preços tendem a subir com o real mais fraco.


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Atenciosamente,


Dep. federal Silas Brasileiro


Presidente Executivo do CNC

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