CNC – Medidas do preço mínimo do arábica deixam a desejar e Ministro da Agricultura deverá revogar Resolução 5/2014 do Mapa.

BALANÇO SEMANAL — 19 a 23/05/2014



– Medidas para capital de giro a cooperativas e preço mínimo do arábica deixam a desejar. Ministro da Agricultura deverá revogar Resolução 5/2014 do Mapa.



CAPITAL DE GIRO PARA COOPERATIVAS — Na segunda-feira, 19, o Governo Federal anunciou o Plano Safra 2014/15. Em meio às medidas apresentadas ao setor agropecuário nacional, chamou-nos a atenção a elevação da taxa de juros para as linhas de crédito do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que saltou de 5,5% para 6,5% ao ano. Aliado a isso, também desagradou à elevação dos juros de 7,5% no Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap Agro), linha de capital de giro para cooperativas do BNDES, que na safra anterior tinha taxa de 6,5% ao ano.

Não obstante, o Governo Federal não anunciou a liberação dos recursos do Funcafé para as linhas de capital de giro destinadas a indústrias, exportadores e cooperativas de produção, cujo compromisso foi assumido na ocasião do comunicado de liberação dos recursos para as demais linhas do Fundo, em 25 de abril próximo passado.



A liberação dessa verba, pleiteada pelo CNC e pela Comissão Nacional do Café da CNA, em parceria com as demais lideranças do setor, justifica-se automaticamente ao observarmos a falta de liquidez do mercado físico nos momentos de alta do café nos mercados futuros, período onde surgem boas oportunidades comerciais e de recomposição de receita. E, com as cooperativas de produção capitalizadas, elas estariam aptas para comprar e repassar a seus cooperados, de maneira imediata, os preços elevados praticados nessas ocasiões.

Entretanto, com a falta da ação governamental, poderemos continuar a observar um cenário de baixa liquidez com os produtores não aproveitando cotações remunerativas. Ou seja, nossos governantes perderam uma excelente oportunidade para auxiliar a recuperação da renda da cafeicultura nacional, o que permitiria honrar os passivos financeiros do setor e manter os tratos adequados à cultura, de forma que não se comprometam consumo interno e exportações do produto.

A esse respeito, nos reuniremos com os demais elos da cadeia produtiva para cobrarmos o Governo Federal, de maneira que a gestão do Funcafé, um fundo social constituído por recursos do setor e apenas gerido pelo Governo, seja feita de forma abrangente, permitindo o acesso do maior número de beneficiários em tempo hábil, com prazos adequados às necessidades.

ESTOQUES PÚBLICOS  — Surpreendentemente, na quarta-feira, 21, o Governo Federal publicou, no Diário Oficial da União (DOU), a Resolução nº 5 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), datada de 20 de maio, que aprova a “oferta de até 397.147 (trezentos e noventa e sete mil, cento e quarenta e sete) sacos de café dos estoques públicos”.

O Conselho Nacional do Café e a Comissão Nacional do Café da CNA, ao tomarem conhecimento da citada resolução, atuaram junto ao Ministério da Agricultura. Alertado por nós, o ministro Neri Geller, compreendendo o efeito nefasto da medida, assumiu o compromisso de revogar este ato.

PREÇO MÍNIMO DO CAFÉ — Também surpreendente foi à publicação da Portaria nº 478 do Mapa, datada de 20 de maio e publicada no DOU do dia seguinte, que confirma o preço mínimo do café robusta em R$ 180,80 por saca – atendendo a um pleito da cafeicultura capixaba apoiado pelo CNC e pela CNA, contudo mantém o do arábica em R$ 307,00 por saca, ambos com vigência entre maio de 2014 e março de 2015.

O CNC e a Comissão Nacional do Café da CNA tem manifestado permanentemente a necessidade de atualização do preço mínimo do café arábica, para patamares mais condizentes à realidade dos custos de produção no campo, considerando-se que o valor de R$ 307 por saca de 60 kg sequer cobre os gastos que grande parte dos cafeicultores do Brasil tem para cultivar o grão.

A nossa intenção é mantermos uma parceria saudável e pró-ativa para a cafeicultura nacional, mas, se necessário for, adotaremos uma postura mais incisiva e trabalharemos fortemente para o bem do setor cafeeiro, combatendo a quem quer que se oponha a nossos pleitos plausíveis de adoção e necessários para a sustentabilidade de toda a cadeia café no País.

MERCADO — A semana foi de pouca variação no mercado futuro do café arábica, principalmente em função das estimativas de quebra da safra brasileira já terem sido precificadas. O vencimento julho do contrato C da ICE Futures US acumulou perdas de 370 pontos, com o fechamento da quinta-feira a US$ 1,8135 por libra-peso. Porém, desde o início do ano, o saldo é positivo, com alta de quase 50% na média dos dois primeiros vencimentos do contrato C.

Nos próximos meses, as cotações devem flutuar em função do mercado climático, antecipando riscos de geadas e precipitações que possam afetar o andamento da colheita brasileira. Além disso, quando volumes mais significativos forem colhidos, permitindo contabilização das perdas devido ao menor rendimento dos grãos, poderá haver espaço para um novo período de valorização das cotações.

Para os próximos dias, a Somar Meteorologia prevê a aproximação de frente fria sobre as regiões produtoras brasileiras, aumentando as chances de precipitações na Mogiana Paulista e no Sul de Minas Gerais.

A Colômbia, segundo maior produtor mundial de arábica, tende a continuar recuperando sua produção na temporada 2013/14. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a safra colombiana deverá alcançar 11,9 milhões de sacas em 2014/15, representando elevação de 10,2% sobre o período anterior, quando foram produzidas 10,8 milhões de sacas.

Os preços futuros do robusta na Bolsa de Londres também apresentaram tendência de queda, com desvalorização na maioria dos fechamentos diários desta semana. O vencimento julho do contrato 409 foi cotado, ontem, a US$ 2.019 por tonelada, acumulando perdas de US$ 27 na semana.

No mercado doméstico brasileiro, os preços do café seguiram a tendência internacional de queda, o que manteve a liquidez baixa. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para arábica e conilon encerraram a quinta-feira a R$ 403,97/saca e a R$ 239,11/saca, respectivamente, registrando quedas acumuladas de 5,4% e 3,3% na semana.

O dólar apresentou pouca variação nos últimos dias, flutuando ao redor do patamar de R$ 2,21. Entre os principais fatos que influenciaram as cotações da moeda americana estão a divulgação de estatísticas positivas do mercado imobiliário e da atividade industrial dos Estados Unidos, embora os dados sobre o mercado de trabalho tenham sido pouco promissores; e a indicação de que o Banco Central do Brasil poderá reduzir seu programa de intervenção diária no mercado cambial. O dólar foi cotado a R$ 2,2157 na quinta-feira, acumulando variação de 0,1% na semana.
 







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