BALANÇO SEMANAL — 25 a 28/03/2013
– Governo se comprometeu a anunciar medidas na tarde desta quinta-feira, com destaque para a possibilidade de prorrogação dos vencimentos de estocagem e de um novo preço mínimo para o café
VOTOS PARA O CAFÉ — Na tarde desta quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá anunciar duas medidas em prol da cafeicultura brasileira, conforme já tornado público pelo secretário de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles (na Bloomberg: CONFIRA AQUI), e pelo diretor do Departamento do Café, Edilson Alcântara (no Estadão, via Globo Rural Online: CLIQUE E LEIA).
As propostas, as quais o Conselho Nacional do Café (CNC) conta com a aprovação, envolvem a elevação do preço mínimo do arábica para R$ 340, fator que permitirá a implementação de instrumentos de mercado como o programa de opções e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), e a prorrogação dos vencimentos de estocagem, contratados junto a todas as fontes de crédito, por 12 meses, com carência de três meses para o início do pagamento.
SUPORTE DA CASA CIVIL — Na terça-feira desta semana, 26 de março, o conselheiro diretor do CNC pelo Estado do Paraná, Ricardo Leite Ribeiro, nos enviou um ofício informando que recebera um telefonema do gabinete da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, através do qual foi comunicado sobre o envio de uma correspondência aos titulares do Conselho Monetário Nacional solicitando que, na reunião que ocorrerá na tarde desta quinta-feira, proceda a aprovação do preço mínimo do café em R$ 340,00 por saca de arábica, conforme pleiteado pela classe produtora através do CNC.
Tal atitude é fruto de uma conversa que nosso conselheiro teve com a ministra Gleisi Hoffmann no último sábado, dia 23, no município de Santo Antônio da Platina (PR), por ocasião do evento de lançamento do Programa de Desenvolvimento do Norte Pioneiro do Paraná. Na oportunidade, Ribeiro solicitou à ministra que desse especial atenção às reivindicações do CNC e da classe produtora, inclusive na questão do preço mínimo, que está inalterado há mais de três anos.
REUNIÃO DO CNC — O Conselho Nacional do Café realizará reunião ordinária na sexta-feira da próxima semana, dia 5 de abril. Na ocasião, já estaremos cientes do modelo operacional das medidas anunciadas pelo governo federal para o café e, portanto, pretendemos planejar as ações em relação à safra 2013, principalmente considerando que, no mercado, ainda paira muita especulação sobre o volume de café que o Brasil colherá este ano.
MERCADO — A semana foi marcada por certa recuperação das cotações do café na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) — até o fechamento deste boletim —, principalmente em função do retorno do interesse das torrefadoras pela variedade arábica, devido à pequena arbitragem em relação aos contratos futuros do robusta na Bolsa de Londres (Euronext Liffe). Os traders também focaram a atenção na próxima safra, cujas entregas em NY deverão sofrer retração em função dos problemas fitossanitários enfrentados pela América Central, conforme já previsto pelo CNC nos balanços anteriores.
Os baixos preços do arábica, que estão oscilando perto das mínimas em 33 meses, deixaram a diferença entre as cotações dessa variedade e a robusta no menor nível em quatro anos. Segundo alguns traders, nesse nível de arbitragem faz sentido comprar arábica suave ou natural, que é negociado a preços muito próximos aos do conilon. Este sentimento provocou, portanto, um aumento do interesse de compra dos arábicas e um pequeno movimento de recompra de alguns fundos, que se encontram vendidos em altos níveis.
O robusta acumulou significativa queda em Londres, a qual foi motivada principalmente pelo aumento das exportações vietnamitas e pela ocorrência de algumas precipitações em regiões cafeicultoras, embora insuficientes para reverter a situação de déficit hídrico enfrentada pelo país asiático. O Ministério da Agricultura vietnamita divulgou que as exportações de café alcançaram 2,13 milhões de sacas em março, volume 28% superior ao de fevereiro.
Nos níveis atuais de preço, grande parte dos produtores de café do Brasil já está reduzindo seus tratos culturais, o que pode refletir negativamente na produção a partir de 2014. O impacto deverá ser ainda maior nos produtores da América do Sul e Central, pois, além das baixas cotações, sofrem com a ferrugem nos cafezais. Esta situação, porém, só dará suporte ao mercado a partir do momento em que as previsões de menores safras futuras começarem a ser divulgadas, por volta do final deste ano.
Antecipando um possível problema na oferta de produto com melhor qualidade em função dos baixos preços atuais e da ferrugem na América Central, a Associação Nacional do Café dos EUA anunciou que vem trabalhando para lançar um contrato futuro direcionado a compradores e vendedores de grãos de alta qualidade. Essa nova plataforma geraria proteção contra grandes oscilações nos prêmios pagos por cafés superiores à qualidade mínima exigida para entrega nas bolsas de NY e Londres. O contrato está sendo desenvolvido há mais de um ano e acredita-se que levará pelo menos mais um ano até que seja negociável.
No Brasil, o mercado doméstico absorveu a alta internacional do arábica, com o indicador do Cepea retornando a patamares superiores a R$ 300/saca. Já o indicador para o conilon acumulou queda de aproximadamente 1,5% até a quarta-feira, refletindo a tendência de Londres. A oferta, por sua vez, mantém-se retraída, com o baixo interesse dos produtores em realizar negócios. Essa situação deve permanecer até a definição dos instrumentos de política agrícola que regularão o mercado na safra 2013/14, a qual deverá ocorrer na tarde desta quinta-feira.
Atenciosamente,
Dep. federal Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC