O presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC) manifestou desaprovação com a iniciativa do governo de liberar a importação de café do Peru.
O presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC) manifestou desaprovação com a iniciativa do governo de liberar a importação de café do Peru. “A medida foi tomada à revelia, sem ouvir qualquer segmento da cadeia produtiva”, disse ele, em comunicado.
Na terça-feira foi publicada, no Diário Oficial da União (DOU), Resolução nº 1 da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, a qual revoga a Resolução nº 3, de 20 de maio de 2015, que suspendia a importação de grãos verdes de café provenientes do Peru até que a Organização Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF) daquele país apresentasse plano de trabalho ao Departamento de Sanidade Vegetal (DSV).
Segundo Brasileiro, a retirada da análise dos requisitos fitossanitários para importação de café “é, no mínimo, algo amador e enormemente irresponsável, haja vista que os peruanos, além do café, cultivam cacau e utilizam os mesmos maquinários em ambas as culturas”. Conforme o CNC, esse fator é relevante porque a principal praga cacaueira naquele país é a monília, uma doença devastadora para o cacaueiro, cujo agente causal é o fungo Moniliophthora roreri, que até o momento não existe no Brasil e que poderia vir nos grãos de café importados do Peru para dizimar os parques cacaueiro e cafeeiro nacionais.
Brasileiro acrescentou, ainda, que o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Marcos Montes, informou que se reunirá com o novo ministro da Agricultura, em um provável governo de Michel Temer, para solicitar, de imediato, a revogação do ato atual e fazer voltar a valer a Resolução n.º 3, de 20 de maio de 2015.
O presidente CNC também criticou os reajustes nos preços mínimos dos cafés arábica (congelado desde 2013) e conilon para, respectivamente, de R$ 307,00 para R$ 330,24 e de R$ 193,54 para R$ 208,19. “Após três anos de congelamento, a correção no valor do arábica foi irrisória, bem como a no do robusta”, afirmou, no comunicado. Ele reforçou que a medida foi tomada à revelia do agronegócio café.
Além disso, o CNC sinalizou desacordo com as novas linhas de crédito do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), por causa do aumento dos encargos financeiros. “Também no Diário Oficial desta terça-feira, deparamo-nos com a Resolução nº 4.485, a qual elevou as taxas efetivas de juros do Fundo para 9,5% a.a. às linhas de Custeio, Estocagem, Opções Privadas e Operação em Mercados Futuros, Recuperação de Cafezais Danificados e FAC para cooperativas de produção que exerçam as atividades de beneficiamento, torrefação ou exportação; e para 11,25% a.a. para as linhas de Capital de Giro para Cooperativas de Produção, Indústria de Torrefação, Indústria de Solúvel e FAC para demais instituições que não cooperativas de produção”. Anteriormente, as taxas de juros eram de 8,75% nas linhas de crédito para os cafeicultores e suas cooperativas.
Fonte: Q10/Estadão Conteúdo