CARTA SEMANAL DO CNC Nº03
Brasília, 28/02/2007
“Produtores brasileiros escoam com competência a safra colhida”
Na semana passada, a agência Safras & Mercados, após fazer um levantamento junto a cooperativas de produtores e corretores, apurou que em 31 de janeiro último, 68% da safra 2006/2007, estimada por ela em 45,9 milhões de sacas, já havia sido comercializada. Ou seja, 31,2 milhões de sacas saíram das mãos dos produtores para a indústria e para o mercado externo.
Estimando-se que a indústria nacional consumiu de julho/2006 a janeiro/2007 aproximadamente 9,6 milhões de sacas, e somando-se o volume de 18,1 milhões de sacas exportadas de cafés verde e solúvel, no mesmo período, chegamos a uma demanda total de 27,72 milhões de sacas. Desta forma, aproximadamente 3,3 milhões de sacas vendidas pelos produtores ainda não foram embarcadas ou industrializadas.
Estes números nos conduzem a algumas reflexões:
– O estoque de passagem para a próxima safra 2007/08 deverá novamente ser baixo, e pode até repetir o volume do ano anterior, de aproximadamente 5 milhões de sacas, caso o Brasil mantenha a sua média de exportações e consumo interno até o mês de junho.
– O Brasil não terá como repetir no próximo ano safra 2007/08 os volumes exportados nos últimos anos – 25,8 milhões de sacas em 2005 e 27,5 milhões de sacas em 2006. Ainda que o primeiro semestre de 2007 conte com o saldo da boa safra de 2006, o volume disponível para o segundo semestre estará fortemente comprometido, seja pela safra menor que será colhida (em razão da bi-anualidade), seja pela demanda do consumo interno. Tal cenário nos leva a crer que os embarques externos feitos pelo Brasil em 2007 não deverão superar 20 milhões de sacas.
Neste contexto, os financiamentos de estocagem têm proporcionado aos produtores oportunidade para vender sua produção em condições mais favoráveis. Foi isto que verificamos no final do ano passado, quando a saca de café arábica alcançou o valor de R$320,00. Um bom volume foi comercializado, já que muitos produtores aproveitaram para se capitalizar e antecipar as liquidações de financiamentos de estocagem. Em contrapartida, verificamos, neste momento de baixos preços no mercado, que as vendas estão limitadas ao montante necessário para cumprir as obrigações de curto prazo.
Este é o objetivo que o Plano de Safra de 24 meses proposto pelo CNC e adotado pelo CDPC vem desempenhando com bons resultados. Por intermédio do Plano de Safra, os produtores vêm obtendo melhores valores médios nas suas vendas, melhorando sua renda, mantendo a competitividade, cumprindo a missão da política definida pelo setor.
Precisamos agora resolver problemas antigos, oriundos da crise passada, que continuam ainda a angustiar uma parcela dos produtores que não conseguiu acertar seus passivos atrasados. O CNC está, por intermédio do seu Diretor-Executivo e da Frente Parlamentar do Café, negociando uma solução com o governo, a fim de buscar uma breve solução que devolva a necessária tranqüilidade para aqueles que necessitam de mais um apoio para voltar à situação de normalidade perante o sistema financeiro, resgatando assim o acesso a crédito que permita também administrar melhor sua comercialização.
Silas Brasileiro
Diretor Executivo