Boletim Conjuntural do Mercado de Café
— Setembro de 2013 —
Volatilidade nas cotações do arábica em Nova York, desvalorização do robusta em Londres e realização dos leilões de opções no Brasil foram os destaques do mês
Durante setembro, os fechamentos diários do vencimento dezembro do Contrato C da Ice Futures US variaram entre os patamares de US$ 1,13 e US$ 1,21 por libra-peso. Os períodos de queda foram motivados principalmente pelas especulações de ampla oferta de café e ocorrência de chuvas em origens brasileiras. A média dos dois primeiros vencimentos foi de US$ 1,1634 por libra-peso, 33% inferior à do mesmo período do ano passado. Os estoques certificados da Bolsa de Nova York apresentaram redução de 23 mil sacas, encerrando o mês em 2,77 milhões de sacas.
A percepção de ampla oferta no mercado, por parte dos investidores, foi agravada pela divulgação do maior nível de estoque de café verde nos Estados Unidos, desde julho de 2009, pela Green Coffee Association: 5,56 milhões de sacas em agosto. A ocorrência de chuvas em algumas origens brasileiras, que estimulou as primeiras floradas da temporada 2014/15, também foi um fator de pressão sobre as cotações. No entanto, o clima dos próximos meses e os impactos da redução dos tratos culturais no campo (em função dos baixos preços praticados) serão os principais fatores que determinarão o volume a ser ofertado pelo Brasil no próximo ano, caracterizando qualquer estimativa atual como precipitada.
Na Bolsa de Londres, as cotações do contrato 409 com vencimento em novembro apresentaram queda acumulada de US$ 124 por tonelada em setembro. A aproximação da safra 2013/14 do Vietnã, inclusive com início da oferta de grãos a partir do final do mês, foi o principal fator de baixa.
Os primeiros grãos da temporada 2013/14 vietnamita chegaram a ser ofertados a um prêmio de US$ 10/t sobre o segundo vencimento do contrato 409, mas exportadores mantiveram-se cautelosos, à espera de maior volume a partir de novembro e também em função de incertezas quanto ao reembolso de impostos pagos ao governo do país asiático.
Na Indonésia, segundo maior exportador da variedade robusta, os negócios também permaneceram em ritmo lento, pois os torrefadores estão abastecidos e os compradores internacionais esperam redução dos prêmios com a entrada da safra do Vietnã. Frente aos baixos preços praticados, produtores vietnamitas também seguram as vendas e detêm o maior estoque de café desde 2009, estimado em 2 milhões de sacas, segundo a agência Bloomberg.
No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon apresentaram tendência de queda durante o mês passado. Nos fechamentos diários, o indicador do café arábica atingiu os menores valores desde outubro de 2010, sofrendo desvalorização acumulada de 8,3% em setembro. Já o indicador do conilon chegou ao patamar mais baixo desde agosto de 2011, com perdas de 9,5% no mês. Dessa maneira, o mercado manteve-se em situação de baixa liquidez.
O dólar desvalorizou-se ante o real nas três primeiras semanas de setembro, em função do programa de intervenção diária do Banco Central no mercado cambial e também seguindo a tendência internacional resultante da decisão da autoridade monetária dos Estados Unidos de manter seu programa de estímulos à economia.
A valorização do real ante o dólar potencializou a internalização das perdas dos preços internacionais do café. Porém, no final de setembro, a moeda americana voltou a se valorizar, com a divulgação de estatísticas que reforçaram a recuperação da economia norte-americana e com novo aumento de expectativas quanto à proximidade da redução da injeção no mercado dos US$ 85 bilhões mensais pelo Banco Central dos EUA (FED, em inglês).
Em relação à política cafeeira, no dia 11 de setembro foi oficializado o repasse de R$ 1 bilhão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o Banco do Brasil. Dessa forma, a liberação total dos recursos, até setembro, atingiu R$ 3,084 bilhões, conforme ilustrado no gráfico abaixo.
Ainda em setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou três Leilões de Opções de Venda de café. Nos pregões, foram arrematados 25.942 contratos de um total de 30.000 ofertados pela estatal, isto é, 86,5%. Cada contrato equivale a 100 sacas de café arábica e tem exercício em março de 2014, com preço de referência de R$ 343 por saca. Apenas nos estados de Minas Gerais e São Paulo, principais produtores de café arábica do Brasil, houve arremate total, conforme se pode observar na tabela abaixo.
Material elaborado pela assessoria técnica do Conselho Nacional do Café (CNC).