Boletim Conjuntural do Mercado de Café
— Julho de 2013 —
O mês de julho foi marcado por volatilidade nos preços do arábica, em Nova York, e valorização do robusta na Euronext Liffe. No Brasil, produtores seguem amargando prejuízos e aguardando o lançamento dos instrumentos de política cafeeira pelo Governo Federal
As cotações futuras do café arábica apresentaram alta volatilidade na Ice Futures US em julho, devido aos prognósticos de frio intenso em algumas origens brasileiras que elevaram os temores dos investidores quanto a danos por geada nos cafezais do País. Os fechamentos diários do vencimento setembro de 2013 do Contrato C variaram entre os limites mínimo e máximo de, respectivamente, US$ 1,1860 e US$ 1,2795 por libra-peso. Os estoques certificados de café na bolsa de Nova York apresentaram tendência de elevação, com aumento acumulado de 7 mil sacas no mês.
Com os sucessivos alertas para a probabilidade de ocorrência de geadas no Brasil, houve tendência de liquidação das posições vendidas pelos fundos. De acordo com as estatísticas da CFTC (Commodity Futures Trading Commission), as posições líquidas vendidas dos grandes operadores nos mercados futuro e de opções de café de Nova York atingiram 14.853 contratos na semana que se encerrou em 23 de julho, o menor volume registrado desde o final de maio.
Embora os danos causados pela geada tenham sido severos no estado do Paraná, onde algumas lavouras cafeeiras foram danificadas inclusive por geada negra, o mercado internacional interpretou os eventos climáticos de julho de forma negativa para os produtores. Para os players, o impacto das perdas no balanço entre oferta e demanda mundial foi pequeno, impedindo a recuperação dos preços do arábica e acentuando a dificuldade financeira dos cafeicultores, principalmente dos que terão que enfrentar os prejuízos da geada.
No final do mês, além do prognóstico de clima favorável nas origens brasileiras, a desvalorização do real ante o dólar também contribuiu para pressionar as cotações do arábica. Com a divulgação dos dados de crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre de 2013 e o aumento da expectativa dos investidores quanto ao aperto na política monetária do Banco Central norte-americano, o dólar chegou a atingir patamares próximos de R$ 2,30 no Brasil em 31 de julho, a maior cotação desde abril de 2009. Nesse mesmo dia foi atingida a menor cotação diária de julho do café arábica em Nova York, de US$ 1,1860/lb para o vencimento setembro. A média de julho dos dois primeiros vencimentos do Contrato C ficou em US$ 1,2338/lb, valor 32% inferior ao do mesmo período do ano passado (US$ 1,8085/lb).
Já no mercado futuro da variedade robusta houve recuperação das cotações na bolsa de Londres, que, em junho, haviam alcançado as mínimas dos últimos 32 meses. O cenário de demanda aquecida e retração de oferta por parte dos produtores do Vietnã e da Indonésia, principais exportadores mundiais do conilon, resultou na alta acumulada de US$ 114 por tonelada do vencimento setembro do Contrato 409. Frente à desvalorização do robusta na Euronext Liffe em junho, cafeicultores vietnamitas e indonésios passaram a segurar as vendas, somente efetuando negócios com prêmios superiores a US$ 100/t.
O tempo chuvoso na Indonésia tende a reduzir ainda mais as exportações de café desta origem e já tem efeito negativo sobre a qualidade dos grãos. Fontes ligadas ao setor produtivo daquele país estimam que a produção da atual temporada poderá ser até 25% inferior à do ano antecedente. Com a menor oferta, os estoques certificados na Liffe reduziram-se em 15% em julho, atingindo 1,64 milhão de sacas, o menor volume desde maio de 2009.
Estatísticas do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil indicam que até o dia 31 de julho haviam sido emitidos 2,281 milhões de certificados para exportação, volume 1,7% menor quando comparado aos embarques realizados no mesmo intervalo do mês anterior. No entanto, em relação a julho de 2012 (2.123.889 sacas), o volume exportado apresentou aumento de 7,4%.
No mercado doméstico, mesmo com a ocorrência de geadas em algumas regiões produtoras, o preço do arábica não reagiu. Por outro lado, o conilon valorizou-se no mês. A variação acumulada dos indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o arábica e para o robusta foi de, respectivamente, 0,8% e 4,6%, os quais encerraram julho cotados a R$ 285,74/sc e R$ 253,40/sc. Com a valorização do conilon, houve tendência de estreitamento do diferencial de preços entre as variedades, que passou de R$ 46/sc no início do mês para o patamar de R$ 32/sc na última semana de julho.
Material elaborado pela assessoria técnica do CNC.
Att.,
Paulo André Colucci Kawasaki
Assessor de comunicação – CNC