BALANÇO SEMANAL — 07 a 11/07/2014
— Andamento da colheita confirma quebra na safra 2014 de café. Ainda assim, o Brasil, mesmo com estoques baixos, possui volume para honrar compromissos com consumo e exportação.
ANDAMENTO DA SAFRA — Com o desenvolvimento dos trabalhos de colheita de café no Brasil, vão sendo reafirmadas as projeções de quebra na produção da safra 2014. Essa redução se deve ao veranico vivenciado no começo deste ano, o qual, além das perdas atuais, também ocasionará diminuição no volume a ser colhido em 2015, haja vista que o desenvolvimento de internódios foi comprometido pelas adversidades climáticas, ficando bem aquém da normalidade.
Mesmo em meio a este cenário, o CNC reitera que, embora com estoques baixos, temos café suficiente para honrar os compromissos com o consumo interno e com a exportação. Tanto que, de acordo com balanço divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o País embarcou 33,971 milhões de sacas do produto no ano safra 2013/14 (julho/junho), volume que implicou alta de aproximadamente 10% na comparação com as remessas registradas no ciclo anterior.
Por outro lado, a receita obtida com as exportações de café na recém-concluída safra apresentou declínio de 11,6% na comparação com a temporada antecedente, totalizando US$ 5,327 bilhões. O CNC entende que a queda no valor obtido reflete diretamente o cenário mercadológico, que apresentou quadro de queda contínua até janeiro de 2014, com as cotações apresentando melhoras graduais somente a partir de fevereiro.
O interessante é que, apesar da depreciação do café nos últimos anos, que tem comprometido seriamente a renda, os produtores brasileiros mantêm seus trabalhos no campo e garantem produtividades e produções que não afetem o market share do produto nacional, muito menos os índices de consumo da bebida mais querida do País. Como representante do setor produtor, o CNC tem orgulho desse quadro, porém cobra mais ações e atitudes, tanto do setor privado, quanto dos governos estadual e federal, para que a pujança da cafeicultura brasileira não se faça ao árduo sabor do suor de nossos cafeicultores.
Dessa forma, temos mantido nossas conversas com o setor público para que possamos desenvolver programas e políticas estruturantes à cadeia café, permitindo que todos os elos tenham rentabilidade na atividade e sigam gerando os mais de 8 milhões de postos de trabalho anualmente, contribuindo, dessa forma e sobremaneira, com a economia das origens produtoras nacionais e com a empregabilidade e a movimentação do comércio nessas regiões.
MARKET SHARE BRASILEIRO — De acordo com dados preliminares do informe estatístico mensal da Organização Internacional do Café (OIC), as exportações mundiais da variedade arábica totalizaram 5.819.190 sacas de 60 kg em maio de 2014, o que implicou alta de 2,62% na comparação com as 5.670.470 sacas registradas no mesmo mês de 2013, mas leve queda de 0,10% frente às 5.825.062 sacas de abril deste ano.
Respondendo por uma fatia de 42,08% do total, o Brasil permanece na liderança das exportações mundiais da variedade, tendo remetido 2.448.525 sacas ao exterior em maio. Ainda de acordo com a compilação dos dados feita pela OIC, esse montante embarcado pelos brasileiros representa crescimento de 16,60% sobre as 2.099.859 sacas remetidas ao exterior pelo País no quinto mês de 2013.
FERRUGEM NO EXTERIOR — Se o Brasil mantém seu nível de comprometimento com os compradores do café nacional, outras nações produtoras enfrentam ou enfrentarão problemas devido à ferrugem. A corretora Marex Spectrom teme que o volume total produzido na América Central e no México apresente um recuo de 3,4 milhões de sacas na safra 2014/15, com as maiores perdas, ocasionadas pela doença, sendo registradas nos cafezais de Guatemala e El Salvador. Isso porque a empresa acredita que o fenômeno climático El Niñoretorne à região, no segundo semestre, com a mesma intensidade vista em 1997.
Segundo números apurados pela Organização Centro-americana de Exportadores de Café, na temporada 2012/13 a ferrugem teria causado perdas de 20% na região, com os principais recuos sendo observados na Nicarágua, Guatemala, Honduras, El Salvador, Costa Rica e Panamá. Já na safra 2013/14, a entidade calcula que a doença tenha comprometido a receita da cafeicultura latina em US$ 243 milhões, com os maiores prejuízos apurados em Honduras, Guatemala e Costa Rica.
No Peru, a colheita começou em abril nos cafezais de baixas altitudes – mais suscetíveis à ferrugem – e vêm sendo registradas quebras significativas na produção, conforme reportou à Reuters o produtor e ex-presidente da Junta Nacional de Café, César Rivas. O especialista em cafeicultura do Ministério da Agricultura peruano, Jorge Figueroa, completa que os exportadores enfrentam problemas para cumprir com suas obrigações de embarques.
Este ano, o Peru – oitavo maior produtor de café do mundo – já tem sua oferta comprometida após o pior foco de ferrugem que a região registrou. As exportações do país caíram 67% no segundo trimestre, na comparação com 2013, sendo que, em junho deste ano, os embarques corresponderam a somente um quinto do total registrado no mesmo mês do ano passado, conforme cálculos da associação de exportadores, a Adex.
MERCADO — Com a chegada do período de férias de verão no Hemisfério Norte – quando a quantidade demandada de café diminui – e a ausência de novidades do lado da oferta, os preços futuros do arábica cederam nesta semana. Na Bolsa de Nova York, o vencimento setembro do contrato C foi cotado, ontem, a US$ 1,63, acumulando queda de 880 pontos nos últimos dias.
A forte desvalorização observada na quinta-feira também se deveu ao aumento da aversão ao risco no mercado financeiro internacional, dada a crise na principal instituição financeira de Portugal, o Banco Espírito Santo.
O mercado londrino seguiu a tendência baixista, com o vencimento setembro do contrato 409 encerrando a quinta-feira a US$ 2.009 por tonelada. Em relação ao fechamento da última sexta-feira, os preços futuros da variedade robusta sofreram queda de US$ 47.
No Vietnã, os estoques de café robusta mantidos pelos produtores atingiram o nível mais baixo dos últimos dois anos, segundo a Agência Bloomberg. No final de junho, as reservas representavam 15% da safra, ante os 18% registrados no mesmo período de 2013. Esse fato, somado à possibilidade de uma menor produção na temporada 2014/15, pode dar sustentação aos preços futuros negociados na Liffe.
Já na Índia, há perspectivas de aumento na oferta, mesmo com o atraso das monções observado neste ano. Conforme a Junta do Café daquele país, as chuvas durante a florada favoreceram o desenvolvimento dos grãos que serão colhidos na temporada com início em 1º de outubro. Assim, a produção deverá crescer 13%, para 5,75 milhões de sacas. Desse total, 3,99 milhões de sacas serão de café robusta.
No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para os cafés arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 371,48 por saca e a R$ 240,83 por saca, respectivamente, com queda acumulada de 3,9% e 0,3% na semana. A instituição também informou que, com a intensificação da colheita nas principais origens produtoras, constata-se queda da produtividade do café arábica em relação às temporadas anteriores. Os grãos estão miúdos, sendo necessária maior quantidade para encher uma saca de 60 kg.
Diante das intervenções diárias do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio, o dólar comercial não apresentou variação significativa no acumulado da semana, flutuando ao redor do patamar de R$ 2,22. No fechamento de ontem, a divisa norte-americana foi cotada a R$ 2,2224.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC