Brasília (24.02.06) – A expansão de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do
País em 2005, conforme divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), foi superestimada e não reflete a realidade de renda no
País. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico (Decon) da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Getúlio Pernambuco. ”O crescimento
real não ultrapassou 1,3%, na medida em que a agropecuária, que participa com
10% do PIB, registrou uma queda de 10% na renda, com perdas de quase R$ 17
bilhões”.
De acordo com os dados do PIB divulgados nesta sexta-feira, dia 24, a
agropecuária registrou um crescimento de 0,8% em 2005, a menor taxa desde 1997.
O chefe do Departamento Econômico da CNA argumenta que a perda de renda do
produtor rural verificada no ano passado contesta os dados do IBGE. Pernambuco
explica que a metodologia do IBGE é baseada na quantidade e não na renda. “Isso
é muito grave, pois falseia a realidade e não pode servir de parâmetro para a
definição de políticas governamentais para o setor.
A perda de aproximadamente R$ 17 bilhões de renda no ano passado foi
motivada, segundo Pernambuco, por fatores como redução de produção, em quase 20
milhões de toneladas, por problemas como a estiagem prolongada na região Sul;
redução dos preços recebidos pelo produtores e, ainda, a valorização do real
frente ao dólar. “A queda de 10% na renda do produtor é gritante e que terá
graves reflexos no desempenho da safra deste ano. As perspectivas para 2006 não
são positivas” diz Pernambuco.
A queda de renda, observa o chefe do Decon, reduz o fluxo de caixa dos
produtores e dificulta a obtenção de recursos para aquisição de insumos e
pagamento de dívidas com o setor bancário. “O nível de endividamento é
crescente. Daí a necessidade de se buscar alternativas viáveis para equacionar
os compromissos pendentes”, Getúlio Pernambuco. Caso esse cenário não seja
equacionado, poderá comprometer ainda mais o desempenho do setor rural neste
ano, com menor área plantada e, portanto, menor renda. No ano passado, a
estimativa inicial era uma safra de 130 milhões de toneladas. Mas a colheita
ficou em 113 milhões de toneladas.
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