Um novo indicador de custos de produção lançado ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) mostra que os gastos com as lavouras de soja registraram elevação de 10% na safra 2007/08, iniciada em julho.
Os maiores reajustes, segundo o levantamento Ativos do Campo, ocorreram nos preços dos fertilizantes (30%) e no herbicida glifosato (40%). “Pela primeira vez, a soja transgênica perdeu competitividade frente à soja convencional por causa desses aumentos no glifosato”, disse o superintendente técnica da CNA, Ricardo Cotta. “Isso é porque apenas uma empresa [Monsanto], que produz a semente de soja transgênica, domina 90% do mercado brasileiro”, afirmou. Outras razões, segundo ele, foram a proibição de importação de defensivos do Mercosul e a imposição de uma taxa antidumping de 38,5% sobre todas as compras de produtos da China.
Os primeiros indicadores fazem parte do projeto Campo Futuro, cujo objetivo é calcular os custos de produção da atividade agropecuária no país. Até agora, foram pesquisados produtores de 30 municípios de oito Estados em 53 encontros regionais. Até o fim do primeiro semestre do próximo ano, serão 180 painéis em 102 municípios de 16 Estados.
O novo levantamento mostra que a rentabilidade dos produtores das regiões pesquisadas em 2007 será suficiente somente para arcar com os custos operacionais efetivos, os desembolsos mensais para manutenção da atividade das cultura de grãos, café, pecuária de leite e de corte. “A estimativa de receita desses produtos não vai cobrir os custos totais, que incluem a depreciação do patrimônio e os custos de oportunidade, para a maioria dos produtos e regiões avaliados”, disse Cotta.
Para o milho, o indicador aponta que, após dois anos de dificuldades, houve boa rentabilidade para quem dosou as vendas ao longo do ano. Os produtores que venderam em março e abril, logo após a colheita, empataram com os custos. Na pecuária de corte, houve um avanço. Mesmo com a elevação de 9% nos custos, os preços recebidos pelos pecuaristas subiu 22% no período. “Mas, desde 2003, esses custos acumulados subiram 45% e os preços só 9%”, afirmou Cotta. Para a pecuária de leite, a situação também é favorável, embora o custo com a alimentação do gado, puxado pelo milho, tenha subido a 34% em Goiás e 46% em Minas Gerais. No caso do café, a única região pesquisado onde houve lucro foi Patrocínio (MG) em decorrência da produção em larga escala e a mecanização da colheita. (MZ)