Clima antecipa colheita de cafés arábica e conilon do Brasil

A colheita de café arábica e robusta começará este ano entre 15 e 25 dias mais cedo do que o normal no Brasil, maior produtor global da commodity, com condições climáticas diversas gerando uma antecipação dos trabalhos, disseram técnicos do setor produtivo.

Algumas poucas áreas, incluindo as de café arábica, já registram uma atípica atividade de colheita, mas os volumes colhidos são insignificantes, acrescentaram especialistas ouvidos pela Reuters, ressaltando que isso não pode ser classificado como uma largada para os trabalhos.

No caso do arábica, a severa seca dos últimos meses antecipa a colheita, que estará mais intensa já no início de maio no sul de Minas Gerais, principal Estado produtor do Brasil –normalmente isso ocorre somente no final de maio.

Já os produtores do robusta (ou conilon) – variedade que tradicionalmente é colhida antes do arábica devido à fenologia – deverão começar para valer a colheita em meados de abril, quando isso seria feito somente no início de maio, após chuvas abundantes terem antecipado as floradas e favorecido a formação do grão.

A produção do robusta, entretanto, representa apenas cerca de 25 por cento da safra nacional de café, e está basicamente concentrada no Espírito Santo, enquanto a colheita de arábica, que responde pela maior parte da produção brasileira, está espalhada por Minas Gerais, São Paulo e Paraná, entre outros estados.

“Ela [colheita do arábica] deve antecipar, na primeira semana de maio começa… Com essa seca, o café acabou antecipando todo o ciclo, granando mais cedo… O estresse da planta acabou desencadeando o processo de maturação”, afirmou o coordenador do programa de Cafeicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Gladyston Carvalho.

Se a seca deverá antecipar a colheita, potencialmente adiantando uma tradicional pressão sazonal aos preços globais, ela já causou estragos irreversíveis nas principais regiões produtoras de café arábica, levando as cotações do produto na Bolsa de Nova York a uma máxima em dois anos no início de março.

Segundo o especialista Epamig, órgão do governo de Minas, as cultivares mais precoces já têm de 20 a 30 por cento de frutos maduros, quando normalmente elas entrariam em maturação em maio.

“Este ano, pela condição climática, vai ter antecipação em várias regiões, o café vai chegar mais cedo… Não é ‘aquele’ café, porque o começo da apanha sempre tem um percentual de verde, um percentual maior de café com defeito”, afirmou.

Carvalho disse ainda que os números de perdas pela seca “continuam assustadores”.

Fonte: Reuters / Roberto Samora, do DCI

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