CLASSIFICAÇÃO DO CAFÉ – Roberto Thomaziello IAC

Por: Roberto Antônio Thomaziello

Autor: Roberto Antônio Thomaziello

 Introdução
 Tipo
 Bebida
 Cor
 Torração
 Descrição
 Peneira 

Tabela Oficial de Classificação

INTRODUÇÃO

A classificação do café é uma fase muito importante no processo da comercialização desse produto.

É importante e necessário que o produtor conheça pelo menos um pouco do sistema, para poder avaliar o seu produto e não ficar apenas confiando nos dados fornecidos por aqueles que comercializam o café.

 A determinação da qualidade do café brasileiro compreende duas fases distintas: a classificação por tipos ou defeitos e a classificação pela bebida.

 Além desses dois aspectos principais o café pode também ser classificado por: peneira; cor; torração; descrição.

TIPO

 A classificação do café por tipo é feita com  base na contagem dos grãos defeituosos ou das impurezas contidos numa amostra de 300g de café beneficiado. Esta classificação obedece à Tabela Oficial para Classificação, de acordo com a qual cada tipo de café corresponde a um número maior ou menor de defeitos encontrados em sua amostra.

São considerados defeitos os grãos imperfeitos (chamados defeitos intrínsecos) – grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e brocados – e as impurezas (defeitos extrínsecos) – tais como cascas, paus, pedras, cafés em coco ou marinheiros encontrados na amostra. A cada um desses grãos imperfeitos ou impurezas corresponde  uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por tipo.

Para proceder à classificação, amostras de 300 g de café são recolhidas e acondicionadas em latas apropriadas. A seguir, em uma mesa provida de boa iluminação, a amostra é espalhada sobre uma folha de cartolina preta. Os defeitos são separados e contados  segundo a Tabela de Equivalência de Grãos Imperfeitos e Impurezas.

A base para se estabelecer a equivalência dos defeitos é o grão preto, que é considerado o padrão dos defeitos ou defeito capital. Como se pode ver na tabela, em geral são necessários vários grãos imperfeitos para se obter 1 defeito, enquanto o grão preto, por si só, corresponde a 1 defeito.

BEBIDA

Para conhecer sua qualidade, realiza-se a prova da xícara, pela qual o provador  avalia as características  de gosto e aroma do café. A classificação da bebida tem dois objetivos fundamentais: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e definir as ligas ou blends que valorizem determinados lotes de café.

Segundo a classificação oficial, o café brasileiro apresenta sete escalas de bebidas, sendo o mole referência para todas:

Mole: tem sabor agradável, suave e adocicado.

Estritamente mole: apresenta todos os requisitos de aroma e sabor da bebida mole, mas de forma mais acentuada.

Apenas mole: tem sabor suave, mas sua qualidade é inferior à dos anteriores, com leve adstringência ou aspereza no paladar.

Dura: apresenta gosto acre, adstringente e áspero.

Riada : tem leve sabor de iodofórmio

Rio: tem cheiro e gosto acentuados de iodofórmio

Rio zona, macaco: são denominações regionais para qualificar bebidas com características desagradáveis, bem mais acentuadas que as da bebida rio.

 

COR

 De acordo com a aparência, conservação ou envelhecimento, a cor do grão poderá ser classificada da seguinte maneira:

 Verde: (café novo)

 Esverdeado

 Esverdeado – claro

 Chumbado

  Barrento

 Claro (café velho)

 Amarelado

 Amarelo (café muito velho)

TORRAÇÃO

Nas classificações de café, as torrações podem se apresentar da seguinte maneira:

Fina: a cor é uniforme para todos os grãos, não há defeitos.

Boa: a cor é mais ou menos uniforme, há alguns defeitos.

Regular: a torração não é uniforme e, a um golpe de vista, constata-se bom número de defeitos.

Má: há grande quantidade de defeitos, tais como grãos verdes, ardidos e pretos, que dão péssimo aspecto à torração.

A torração do café despolpado é denominada “característica” ou “ não característica”, referindo –se à existência, ou não, da película prateada na ranhura do grão, principal forma de identificação de um café despolpado. Os grãos verdes e ardidos, depois de torrados, apresentam-se com a coloração amarelo – clara, enquanto os grãos pretos carbonizam-se.

DESCRIÇÃO

No Brasil, o café também é classificado pelo formato das favas – graúda, boa, média, miúda – e pelo estilo dos grãos, ou seja, por sua variedade.

Além dessas características, a classificação do café pela descrição também considera as seguintes características, decorrentes não só de falha do agricultor como também de armazenamento:

Mofado: café mal seco, que adquiriu mofo.

Podre: café com adiantado estado de mofo.

Mal seco: café contendo grãos com partes brancas e partes verdes, com aspecto de chuvado.

Fermentado: café que fermentou no terreiro.

Escuro: café que ficou algum tempo no chão, antes de ser recolhido ao terreiro, ou ou foi mal seco no secador mecânico.

Chuvado: café que sofreu o efeito da chuva ou foi mal lavado.

Barrento: café que apanhou chuva no chão, antes de ser recolhido ao terreiro ou que foi mal seco em terreiro de terra batida.

PENEIRA

Essa classificação é feita por um jogo de peneiras, que separa os grãos pela forma e pelo tamanho. As peneiras têm crivos com diversas medidas e dois formatos diferentes: podem ser oblongos, para separar os cafés mocas, ou circulares, para separar os cafés chatos. As peneiras para separar os mocas geralmente são intercaladas  entre as demais, de forma a proceder à separação, concomitantemente, por   tamanho e forma.

As medidas dos crivos das peneiras são dadas em frações de 1/64 de polegada e o número da peneira corresponde ao numerador da fração. Por exemplo: peneira 19 = 19/64 de polegada. Os cafés chatos são classificados nas peneiras de 13 a 20 e os mocas nas peneiras de 9 a 13. De acordo com a peneira utilizada, os cafés podem ter a seguinte classificação:

Chato grosso: peneiras 17, 18, 19 e 20.

Chato médio: peneiras 15 e 16.

Chato miúdo: peneiras 13 e 14.

Moca graúdo: peneiras 12 e 13

Moca médio: peneiras 10 e 11.

Moca miúdo: peneira 9.

 

TABELA OFICIAL DE CLASSIFICAÇÃO

Quadro:

TABELA OFICIAL PARA CLASSIFICAÇÃO

DEFEITOS

TIPOS

PONTOS

4 2 –  + 100
4 2 – 05 + 95
5 2 – 10 + 90
6 2 – 15 + 85
7 2 – 20 + 80
8 2 – 25 + 75
9 2 – 30 + 70
10 2 – 35 + 65
11 2 – 40 + 60
11 2 – 45 + 55
12 3 + 50
13 3 – 5 + 45
15 3 – 10 + 40
17 3 – 15 + 35
18 3 – 20 + 30
19 3 – 25 + 25
20 3 – 30 + 20
22 3 – 35 + 15
23 3 – 40 + 10
25 3 – 45 + 5
26 4 + 5
26 4 BASE
28 4 – 5 – 5
30 4 – 10 – 10
32 4 – 15 – 15
34 4 – 20 – 20
36 4 – 25 – 25
38 4 – 30 – 30
40 4 – 35 – 35
42 4 – 40 – 40
44 4 – 45 – 45
46 5 – 50
49 5 – 5 – 55
53 5 – 10 – 60
57 5 – 15  – 65
61 5 – 20 – 70
64 5 – 25 – 75
68 5 – 30 – 80
71 5 – 35 – 85
75 5 – 40 -90
79 5 – 45 – 95
86 8 – 100
93 6 – 5 – 105
100 6 – 10  – 110
108 6 – 15 – 115
115 6 – 20 – 120
123 6 – 25 – 125
130 6 – 30 – 130
138 6 – 35 – 135
145 6 – 40 – 140
153 6 – 45 – 145
160 7 – 150
180 7 – 5 – 155
200 7- 10 – 160
220 7 – 15 – 165
240 7 – 20 – 170
260 7 – 25 – 175 
280 7 – 30 – 180
300 7 – 35 – 185
320 7 -40 – 190
340 7 – 45 – 195
360 8 – 200

TABELA DE EQUIVALÊNCIA DE GRÃOS IMPERFEITOS E IMPUREZAS
GRÃOS IMPERFEITOS E IMPUREZAS DEFEITOS
1 grão preto 1
1 pedra, pau ou torrão grande 5
1 pedra, pau ou torrão regular 2
1 pedra, pau ou torrão pequeno 1
1 coco 1
1 casca grande 1
2 ardidos 1
2 marinheiros 1
2 a 3 cascas pequenas 1
2 a 5 brocados 1
3 conchas 1
5 verdes 1
5 quebrados 1
5 chochos ou mal granados 1

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