Circuito reforça proposta de integração lavoura, pecuária e floresta
Vantagens do sistema irão a debate em 21 municípios da Zona da Mata
17/04/2009 – Produtores rurais, técnicos e pesquisadores vão se encontrar na Fazenda Experimental da Epamig em Oratórios, na Zona da Mata, para analisar os benefícios do sistema de produção integrada lavoura, pecuária e floresta. O encontro, que será realizado na quinta-feira (23/04), a partir das 13h30, vai contar com a participação do secretário da Agricultura, Gilman Viana, e marca o lançamento do 2º Circuito Zona da Mata de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.
O secretário vai analisar, entre outros aspectos, as vantagens da produção de florestas pelo sistema integrado. A inclusão desse setor é uma proposta da Secretaria da Agricultura de Minas, já que em outros Estados predomina a conjugação de lavoura e pecuária. Segundo Gilman Viana, floresta plantada é uma atividade econômica atraente. Dados da Secretaria mostram que Minas Gerais é o Estado com maior área nessa atividade (mais de 1,2 milhão de hectares) e, segundo o secretário, vem desenvolvendo modelos que viabilizam oportunidades para os diversos tamanhos de produtores e propriedades de maneira sustentável.
Ele acrescenta que um dos grandes instrumentos para a obtenção da sustentabilidade é o gerenciamento de atividades compartilhadas de cultura de florestas e outras culturas já conhecidas na produção básica da agricultura brasileira. Assim, além de estimular o plantio de floresta adensada, estimula-se e orienta-se o plantio de floresta consorciada com pastagem e com a agricultura. Esse modelo recebeu o nome de integração, que pode ser de floresta e pecuária, ou floresta e lavoura, ou ainda de lavoura, pecuária e silvicultura.
De acordo com o secretário, nesse último formato orienta-se o manejo compartilhado das atividades básicas com a produção de floresta. Gilman Viana recomenda essa alternativa porque possibilita ao proprietário condições para continuar com a sua atividade básica e renda estabelecida. Além disso, o secretário destaca a vantagem que o sistema oferece de desenvolver atividade complementar na mesma área em médio e longo prazo.
Plantio direto
O coordenador técnico da Emater Regional de Viçosa , Rogério Jacinto Gomes, explica que o dia de campo tem por objetivo apresentar e discutir com os produtores uma tecnologia de recuperação de pastagens degradadas através da integração Lavoura Pecuária e Florestas (ou combinações) com o uso do plantio direto. Ele acrescenta que, com a realização do 2º Circuito Zona da Mata de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, o produtor terá a oportunidade de visitar unidades demonstrativas e tirar suas conclusões com a realidade de sua propriedade.
Gomes informa que a região é composta em cerca de 65% por pastagens, sendo que a grande maioria apresenta algum nível de degradação. De acordo com dados da Secretaria da Agricultura, em Minas Gerais há cerca de 22,4 milhões de cabeças de gado em 25 milhões de hectares, com a metade dessa área apresentando algum estágio de degradação. Segundo o coordenador, para recuperar essas pastagens, os produtores estavam revolvendo o solo através de grades e tratores, e isso provocou erosão no solo, causando grande impacto ambiental. Com essa tecnologia apresentada, queremos que o produtor tenha condições de recuperar estas pastagens, seja em área plana ou montanhosa, sem causar danos ambientais, além das vantagens econômicas que o sistema proporciona”, finaliza.
Para o coordenador estadual de Bovinocultura da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires, o sistema de integração é uma proposta para a obtenção de renda e ao mesmo tempo está em sintonia com a política do governo e os anseios da sociedade contra as devastações. Ele observa que a integração Lavoura-Pecuária e Floresta possibilita os mesmos índices de produtividade por hectare dos plantios convencionais. Isso quer dizer que, com a utilização de tecnologia, os plantios integrados também podem apresentar produção crescente. Ao lado do feijão e da soja, o milho é um dos cultivos recomendados. Esse grão lidera a produção em Minas, com 6,23 milhões de toneladas por ano e produtividade próxima de 5 mil toneladas por hectare. Segundo o coordenador, existe a possibilidade de elevar esse número para até 15 mil toneladas por hectare.
Atividades até junho
O dia de campo na Fazenda Experimentação da Epamig em Oratórios será o segundo evento do 2º Circuito Zona da Mata Integração Lavoura-Pecuária e Floresta, que foi iniciado em 7 de abril, no município de Senhora de Oliveira. Os encontros vão prosseguir até 16 de junho, alcançando 21 municípios, com palestras sobre os fundamentos do sistema, demonstrações e contatos entre os representantes dos segmentos. O evento é realizado em parceria pela Emater-MG, Secretaria da Agricultura, Universidade Federal de Viçosa (UFV) e prefeituras. Depois do dia de campo em Oratórios, serão realizados encontros com os produtores nos seguintes municípios: Guaraciaba, Jequiri, São Pedro dos Ferros (abril); Ponte Nova, Dom Silvério, Rosário da Limeira, Barão do Monte Alto, Piranga, Santa Cruz do Escalvado, Ubá, Teixeiras, Paula Cândido, Guiricema (maio); Piedade de Ponte Nova, Divinésia, Senador Firmino, São Domingos do Prata, Dionísio, e Rio Piracicaba (junho).