Essa condição, segundo o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, em Franca (SP), pode piorar ainda mais a condição das lavouras da safra 2017/18 do país, que devem florescer nos próximos dias.
Após um início de semana com chuvas fortes, mas isoladas, inclusive com registro de granizo em algumas localidades do Sul de Minas Gerais no último final de semana, o clima volta a ficar mais seco nas principais áreas produtoras de café do Brasil, segundo apontam mapas climáticos dos principais institutos meteorológicos. Também há a previsão de temperaturas mais altas no cinturão do grão nos próximos dias.
Essa condição, segundo o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, em Franca (SP), pode piorar ainda mais a condição das lavouras da safra 2017/18 do país, que devem florescer nos próximos dias. “As lavouras têm apresentado bastante desfolha por conta das altas temperaturas nas principais regiões produtoras. Em Franca (SP), por exemplo, o déficit hídrico está em cerca de 90 milímetros e se isso continuar pode dificultar o pegamento da florada nas lavouras que ela ja apareceu”, afirma.
Em entrevista recente ao Notícias Agrícolas, o superintendente de comercialização da Cooxupé, Lúcio Dias, também demonstrou preocupação com a safra 2017/18. “Em visitas pelas principais regiões produtoras já se percebe que a safra do próximo ano será entre 15% e 20% menor no arábica e no robusta por conta do clima. Isso se as condições se normalizarem. Do contrário, as perdas podem ser ainda maiores”, explica Dias. A próxima temporada já é de bienalidade baixa para a maioria das regiões.
Segundo mapas da Climatempo, o clima deve ficar mais quente e seco nas áreas produtoras de café do Brasil até pelo menos quinta-feira, quando uma frente fria deve avançar pelas áreas produtoras de café e provocar pancadas de chuva no Sul do Espírito Santo e na Zona da Mata de Minas. Na sexta-feira, há previsão de precipitações no Espírito Santo e no leste de Minas Gerais. No Sul de Minas, maior região produtora de café do Brasil, há previsão de chuvas apenas no sábado à tarde. Em Guaxupé (MG), a previsão é de que as chuvas não ultrapassem os 10 milímetros. Já as temperaturas no meio da semana podem atingir 32°C.
Previsão do tempo para o Sudeste do Brasil – quarta e quinta-feira | Fonte: Climatempo
Previsão do tempo para o Sudeste do Brasil – sexta-feira e sábado | Fonte: Climatempo
As principais regiões produtoras de café do Brasil têm apresentado condições climáticas adversas nos últimos dias, o que tem impactado diretamente os preços externos do grão. “Ainda está muito seco em importantes regiões produtoras do Brasil, onde a florada deve aparecer nos próximos dias. Nas regiões robusta, ela está muito atrasada”, disse Michaela Kuhl, analista do Commerzbank à agência internacional de notícias Reuters. “Levando em conta as quebras de produção nas duas últimas safras isso não é um bom presságio”, reportou o site internacional Agrimoney ontem (26).
Com o fim do El Niño, o clima tem sido uma incógnita até mesmo para os especialistas. “Estamos passando por um período de neutralidade, após o encerramento do El Niño e com grande possibilidade de La Niña. Enquanto não há a confirmação desse fenômeno climático, os próximos meses devem ser de muita instabilidade, característica típica da estação da primavera, que é uma estação de transição entre o período mais frio e o mais quente do ano”, explica o meteorologista e pesquisador em Agrometeorologia e Climatologia da Embrapa Café (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Williams Pinto Marques Ferreira.
A estação chuvosa já está atrasada no Sudeste do Brasil em relação à climatologia padrão da região e só deve começar efetivamente entre o final de outubro ou no mês de novembro. Para Ferreira, esse é o maior problema para a próxima temporada de café do Brasil, que já deve ser de bienalidade baixa. “As plantas saem da última safra já esgotadas porque tiveram uma boa produção. Com o atraso no início da estação chuvosa, elas serão expostas a condições mais estressantes ainda, o que pode prejudica-las ainda mais”, pondera Ferreira.