Grão prejudicado pela umidade é comercializado a R$ 170,00 a saca, o que equivale a uma queda de R$ 90,00
Apesar das projeções de crescimento de cerca de 20% no volume de café para a safra 2010, os produtores do Estado de São Paulo estão preocupados com a queda da qualidade do produto e, consequentemente, do valor da saca, devido ao excesso de chuva.
O presidente do Sindicato Rural de Bauru, Maurício Lima Verde, também representante do Estado de São Paulo no Conselho Deliberativo de Política Cafeeira, explica que este a colheita 2008/09 foi extremamente atípico em razão do clima. “Nós, praticamente, não tivemos seca, choveu durante toda a colheita, o que prejudicou demais a qualidade do café”. A chuva em excesso, segundo Lima Verde, aumentou o número de floradas da planta, o que garante aumento no volume do produto. Por outro lado, o crescimento desregulado dos frutos faz com que o produtor encontre grãos de tamanhos variados no mesmo ramo, dificultando a colheita.
O presidente do Sindicato Rural de Garça, Alberto Baracat, reforça a tese da queda da qualidade do produto. “Esse excesso de chuva interferiu na fisiologia das plantas. Então, a planta não teve o estresse que tem que ter para dar as floradas”, diz. “Para se ter uma idéia, têm flores até hoje, isso é completamente anormal”, completa.
De acordo com a primeira estimativa da produção de café (arábica e conilon) da safra 2010, divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil poderá colher entre 45,90 a 48,66 milhões de sacas de 60 quilos. Ou seja, terá um crescimento entre 16,3% e 23,3% em relação à safra anterior, quando foram produzidas 39,47 milhões de sacas.
A região Mogiana, que abrange os municípios de Franca, Altinópolis e Batatais, é a maior produtora de café do Estado de São Paulo, responsável por cerca de 50% da safra. Já a região da Alta Paulista, que compreende municípios como Garça, Gália Marília e Lucélia, é responsável por 15% a 20% da produção do café no Estado.
Para a safra atual a previsão é de que o Estado de São Paulo produza 4 milhões de sacas de café. A estimativa foi repassada por Lima Verde, que também é o representante brasileiro dos produtores na Organização Internacional do café em Londres. Segundo ele, na safra anterior foram colhidos mais de 3,2 milhões de sacas.
Cotação
Para se ter uma ideia do prejuízo que produtores devem sofrer, atualmente, a saca de 60 quilos do café tipo 6 é comercializada por cerca de R$ 280,00. Já o café que sofreu com as chuvas em excesso e teve sua qualidade prejudicada está sendo comercializado por R$ 170,00 a saca. “Nós já sentimos isso desde outubro do ano passado¨, diz Lima Verde, que lembra ainda da dificuldade dos produtores em colocar o produto no mercado por causa do volume grande de café existente.
Em Garça, volume de sacas colhidas será menor
Ao contrário das previsões de alta no volume de café produzido no Estado, o presidente do Sindicato Rural de Garça, Alberto Baracat, estima que na região haverá quebra na safra de até 20%. “Esta safra que estamos colhendo é bem menor do que a outra safra que nós fizemos e que foi grande”, confirma.
Segundo ele, as previsões para o próximo ciclo também não são nada animadoras. A estimativa para a safra 2010/11 é de 350 a 400 mil sacas. Mas devido às chuvas em excesso, agora esperamos colher cerca de 300 mil sacas. “Nós não vamos ter mais do que 300 mil sacas. Significa 20% a menos do que a previsão inicial”, lamenta o sindicalista.