SÃO PAULO, 18 Jul (Reuters) – Chuvas previstas em toda a área sudeste do cinturão de café do Brasil no fim de semana ajudarão a evitar a formação de geadas quando as temperaturas caírem entre 23 e 25 de julho, disseram meteorologistas da Somar nesta quinta-feira.
“Chuva e frio no cinturão do café. Isso é o que podemos esperar nos próximos cinco a sete dias”, disse a Somar na abertura de seu relatório sobre o clima no maior exportador global da commodity.
A partir de sexta-feira, estão previstas chuvas nas principais regiões produtoras no sul de Minas Gerais e na região de Mogiana, no norte de São Paulo, bem como Paraná. O clima úmido então deverá se espalhar para leste de Minas Gerais, Estado que produz metade da safra de café do Brasil.
“Na sequência, teremos uma massa de ar polar, que é bem intensa, e deve trazer um frio duradouro para todo o centro e sul do País”, disse a Somar.
O centro da frente fria, que está prevista para passar sobre o Rio Grande do Sul e Paraná e apresentará a maior ameaça de geada, será contido por uma corrente de ar sobre o sul do país, pouco antes das principais áreas produtoras de café.
“De acordo com as últimas simulações, nós não vemos muito risco para geada em Minas Gerais ou São Paulo”, disse o meteorologista da Somar, Celso Oliveira. “Nós temos visto moderado enfraquecimento da frente, mas o risco de geada no Paraná ainda existe.”
Oliveira disse que o problema para o Paraná e sul de São Paulo é a sequência de duas noites e começo de manhãs consecutivas de frio nos dias 24 e 25 de julho.
“Este frio persistente pode trazer geadas isoladas e danos aos pés na região.”
Paraná e o sul de São Paulo produzem relativamente pouco café comparado com as regiões mais ao norte.
Oliveira disse que as temperaturas devem cair para dois graus Celsius nas regiões produtoras de café do Paraná, enquanto nos cafezais de São Paulo e Minas Gerais devem recuar para apenas 5 graus.
Apenas em 25 de julho, as temperaturas deverão cair no início da manhã nas importantes regiões produtoras da Mogiana e sul de Minas, disse a Somar em sua previsão para 10 dias, mas “por ora, nós não vemos riscos nestas regiões devido à umidade deixada pela frente.”
O Brasil já colheu a maior parte da safra de café robusta e mais de 30 por cento da de arábica. A qualidade dos grãos tem ficado baixa em algumas áreas devido às chuvas que interromperam o período de secagem dos grãos no mês passado.
A safra de robusta virá menor que o esperado devido ao período de tempo seco mais cedo este ano.
Qualquer geada nas áreas produtoras de café não terá efeito na colheita da atual temporada, estimada em cerca de 48,6 milhões de sacas de 60 kg, mas pode afetar a próxima safra.
Depois de geadas em cafezais, as folhas caem dos pés, diminuindo seu potencial produtivo. As árvores já formaram os grãos para a colheita desta temporada.
Uma geada, ou mesmo previsões, podem elevar fortemente os preços futuros do café em questões de minutos. Já se passaram décadas desde que uma grave geada levou à quebra de safra no Brasil. Produtores têm escolhidos áreas menos vulneráveis para cultivar café, fora de áreas suscetíveis a geadas.
“Os modelos de simulação ainda estão mudando, mas até segunda-feira da próxima semana devemos ter uma ideia clara sobre como isso vai desdobrar”, disse Oliveira.
Os futuros do café arábica passaram a cair em Nova York após uma máxima de quase dois meses e fecharam em baixa nesta quinta-feira, com vendas do mercado em meio ao rali motivado pelas preocupações com a onda de frio no Brasil.
(Reportagem de Reese Ewing)