CHUVAS ESCASSAS MANTÊM FUNDOS BEM COMPRADOS Por Rodrigo Costa

Comentário Semanal – de 24 a 28 de março de 2014

 

O índice de confiança dos consumidores americanos atingiu o maior patamar em seis anos, mesmo com o inverno rigoroso que tivemos por aqui. Outros indicadores econômicos mostram sinais de recuperação da economia, mas mesmo assim alguns investidores nesta semana resolveram tomar lucro de ações que tiveram as melhores valorizações até recentemente.

As principais bolsas européias fecharam em alta ajudadas pela declaração do presidente do banco central alemão de que um plano de estímulo monetário com compras de títulos (Quantitative Easing) não está descartado – lembrando que Jens Weidmann era um dos principais opositores de um plano destes.

O Euro como consequência enfraqueceu, também em função do receio de o Banco Central Europeu fazer com que as taxas de depósitos bancários fiquem em patamares negativos, ou seja os bancos terão de pagar para deixar dinheiro com a autoridade monetária.

No Brasil o real firmou com pesquisas que baixaram a aprovação da presidente Dilma, de alguma forma ajudando as commodities que o país produz.

Os índices de commodities fecharam em alta nos últimos cinco dias liderados pelos ganhos do açúcar e do café, matérias-primas que tem a maior produção mundial concentrada nas regiões brasileiras que tem sofrido com o pouco volume de chuvas.

Com o volume de precipitações recentes estando abaixo do que tem se esperado para o cinturão de café, Nova Iorque ganhou suporte e fechou em alta de US$ 12.50 por saca. Vendas escassas de origens e especuladores que foram forçados a recomprar suas posições depois da falta de continuidade da baixa ajudaram o contrato de maio a fechar acima de US$ 180.00 centavos por libra.

Cada dia que as chuvas se mantêm amenas faz com que os agentes fiquem mais nervosos e defensivos contra perdas de produção maiores, que naturalmente possam voltar a elevar os preços no mercado futuro. O pico da entressafra, os diferenciais de suaves firmes, e o fortalecimento de moedas de países emergentes também ajudam os altistas. Mesmo assim muitos têm receio de chuvas fortes que certamente trarão uma nova onda de venda dos fundos.

A consolidação é sadia, mas a volatilidade diária alta não dará trégua para os participantes de curto-prazo depois de tantas posições tomadas pelos comerciais.

A disponibilidade de cafés no físico, ou os estoques, é um colchão razoável para quem precise comprar café. Com o passar do tempo e com a estrutura do mercado mais estreita, ou em outras palavras com o mercado futuro “pagando” menos para financiar o carrego, o café deve fluir com mais facilidade para a mão da indústria. As exportações de março do Vietnã, de 3.67 milhões de sacas, corroboram com o argumento que comentei aqui nos últimos relatórios da transferência dos estoques.

Quanto à condição dos cafezais no Brasil as incertezas continuam no ar, com prematuras opiniões sobre o impacto da safra 15/16 sem termos ainda passado pela safra 14/15. O potencial de produção e recuperação das plantas são incógnitas de suma importância para extrapolar a análise. Fora que já há indicações de que a produção pode crescer em países como Honduras, Perú, Uganda, e porquê não falarmos no Vietnã que tem sempre surpreendido.

O relatório de posição de participantes divulgado na sexta-feira dia 28 mostrou que os fundos pouco mudaram suas posições apesar da queda forte vista entre os dias 19 e 25 de março. Os altistas dirão que é positivo, pois demonstra que os fundos continuam apostando na alta e têm folego para manter suas apostas.

Pode ser, mas para tanto o mercado não pode voltar para baixo de 166.00 centavos por libra, o que parece que só deve acontecer se as chuvas aumentarem.

Uma boa semana e muito bons negócios a todos.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
 

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