José Donizeti Alves comenta que adubação já tem dois meses de atraso, mas que finalmente a tendência de queda na produção foi estagnada
Depois de quase dois anos de seca severa e altas temperaturas, o regime chuvoso começou a se restabelecer nas principais áreas de produção de café arábica do Brasil e já levam certo alívio para o produtor. Com o retorno da umidade, o produtor precisa agora correr atrás do tempo perdido e fazer os tratos culturais, atrasados há dois meses, segundo informações de José Donizeti Alves, professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
“As chuvas voltaram em bom volume e o solo está recuperando gradativamente a capacidade de armazenar água, ainda que em algumas regiões ainda está em déficit. As plantas saíram da condição de estresse hídrico e estão turgidas. Essa hidratação até o momento, está garantindo o vingamento das flores e o pegamento dos frutos. O produtor tem que aproveitar a umidade do solo e iniciar rapidamente a adubação”, explica o especialista.
Segundo dados registrados pelo sistema Sismet, da Cooxupé, o acumulado mensal em várias cidades produtoras já ultrapassam a média esperada para o mês. Até esta terça-feira (19), em Guaxupé o acumulado de chuva era de 240,7mm em Alfenas o acumulado mensal estava em 190,8mm, quando o esperado é de 88,9mm. Campos Gerais já registrou 191,4mm – quando a média mensal é de 103,7mm, Nova Resende tem acumulado de 191,41, com média de 117mm para o mês.
Na Alta Mogiana, o cenário também já é mais confortável, e segundo dados da cooperativa Cocapec o acumulado deste mês está em 129,83mm, o dobro do volume registrado no ano passado, quando os volumes não ultrapassaram os 63mm.
Veja o volume de chuva registrado pelo sistema da Cooxupé:
SJSTMET – CHUVAS – COOXUPE- 19102021
Segundo Donizete, também é importante que o produtor esteja atento ao controle fitossanitário para evitar doenças nos botões florais que ainda não abriram e para judar na fixação dos frutos na planta. “Enfim, estamos animados e finalmente a tendência de queda na produção foi estagnada”, acrescenta.
Em relação aos tratos em atraso, o especialista reforça a necessidade de fazer a reposição de fósforo e potássio, que deveria ter sido feito em agosto, além de estar atento aos níveis de boro e zinco nas lavouras. “Ficar de olho no nitrogênio para não colocar em excesso. O ideal é fazer uma análise foliar para direcionar os tratos e também análise do solo, se ainda não fez” comenta.
A escassez de insumos também já é uma realidade para o cafeicultor e preocupa o especialista. “Esse é um problema real, o que encarece o custo de produção. Poucos produtores tem o produto e precisam recorrer ao mercado que está muito aquecido. Vejo que as cooperativas podem ser a solução para ajudar o cafeicultor”, finaliza.
Mais chuva
De acordo com as previsões mais recentes do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de mais chuvas para áreas de produção de café tipo arábica nos próximos dias.
Após a passagem de uma frente fria pela costa Sudeste do Brasil, um sistema frontal vai seguir favorecendo a formação de nuvens carregadas em toda área.
Em relação aos volumes, tanto em Minas Gerais como para São Paulo, o modelo Cosmo prevê acumulados entre 20mm e 40mm nos próximos três dias. A tendência é que a região tenha uma trégua rápida nas precipitações, com o modelo indicando o retorno da umidade já no dia 25 de outubro.
Veja o mapa de previsão de precipitação nos próximos dias:
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Fonte: Inmet
Por: Virgínia Alves | Notícias Agrícolas