CHUVAS BAIXAM A POEIRA MAS AINDA LEVANTAM DÚVIDAS, Por Rodrigo Costa

2 de novembro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Comentário Semanal – de 27 a 31 de outubro de 2014


Os índices de ações tiveram um mês de outubro volátil, em uma mescla de cautela dos investidores, divulgação de indicadores econômicos instáveis, e influências políticas fortes.


Nesta última semana o FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) encerrou, como previsto, a injeção de recursos do chamado QE3 (em inglês “quantitative easing”) e na comunicação com o mercado mudou o tom do discurso para dar margem ao comitê em alterar a taxa de juros, caso a situação da economia americana melhore ainda mais.


Na sexta-feira foi a vez do Banco Central Japonês divulgar o aumento do estímulo monetário no país, já que os índices inflacionários teimam em fugir da meta da entidade. Esta notícia juntamente com a diretriz para que o fundo de pensão do governo incremente suas posições em ações locais e estrangeiras puxaram as bolsas ao redor do mundo, incluindo a brasileira antes sofrera quedas grandes sem a troca de presidentes que se esperava há três semanas.


As commodities cederam desde meu último comentário, lideradas pelo suíno magro, café, cacau, metais preciosos e as matérias-primas energéticas. A firmeza do dólar americano, que fez nova máxima contra o Euro desde agosto de 2012, e negociou no maior patamar contra o Yen desde dezembro de 2007, contribuiu para a retirada de dinheiro desta classe de investimentos.


O café arábica em Nova Iorque tomou um tombo de US$ 24.47 por saca em duas semanas, com Londres caindo apenas US$ 2.70 a saca no mesmo período. A expectativa de chuvas constante e de bom volume foram os motivos para o desmoronamento dos preços, mesmo sem ainda ter chovido tanto como se antecipava.


A abertura de floradas em praticamente todo o parque cafeeiro no Brasil, com as fotos circulando pelos e-mails, minam parcialmente o ânimo dos altistas, ao menos por ora. Digo por ora, pois a dúvida não se dissipa quanto ao volume que pode ser produzido na safra 15/16, já que é necessário aguardar a reação das árvores que tem sofrido um stress hídrico grande este ano.


Os diferenciais no café firmaram como se esperaria, nominalmente dado o desencontro entre compradores e vendedores, e a falta de urgência de venda de produtores que sabiamente tem vendido seus cafés nas puxadas de preços. Não é para menos, pois considerando-se os hedges de BM&F e dólar futuro (ou a termo) muitos puderam vender uma saca de café a R$ 700.00 para a próxima safra, o que convenhamos é um valor bastante razoável.


Do lado da demanda os operadores aguardam um apetite maior das indústrias, que tudo indica têm uma boa cobertura do basis para a primeira metade de 2015, e neste momento se concentra na performance do terminal para fixar seus preços que liquidem próximos de US$ 150 centavos por libra.


Entre os produtores de suaves a colheita foi parcialmente interrompida na Colômbia com as chuvas, que aliviam o problema de broca, enquanto nos demais produtores a disponibilidade vai aumentando. No Vietnã os produtores não demonstram muita ansiedade em vender, até porquê o estoque de passagem em suas mãos está no menor patamar que se tem registro – embora os armazéns de intermediários tenham muito mais do que o ano passado. No fim, a arbitragem entre o robusta e o arábica tem espaço para firmar bastante antes de pressionar a bolsa.


Para finalizar os fundos liquidaram a maior parte das novas compras que tinham feito desde 23 de setembro, no último incremento de posição que apostava na continuação da seca. Com isto resta a dúvida se agora o grosso da posição, que é ganhadora, vai ser despejada no mercado, ainda que o potencial de alta ainda seja maior do que o de baixa diante das incertezas que só começarão a ser reveladas em Dezembro.


As chuvas praticamente serviram para baixar a poeira, e se o prognóstico de alguns institutos se mostrarem certos e o volume diminua na próxima semana, Nova Iorque pode puxar e forçar alguma cobertura de shorts de quem andou vendendo o mercado esperando um maior volume nas precipitações.


O contrato de dezembro se manteve acima da média-móvel de 200 dias (185.40), um indicador importante, que se rompido pode sinalizar mais fraqueza. Por outro lado uma alta acima de 194.80 deve animar novamente os altistas, que não encontrarão muita resistência, salvo uma grande desvalorização do Real.


Uma boa semana e bons negócios a todos.


*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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