sábado, 2 de janeiro de 2010, 13:31 | Online
Prédios históricos tombados de São Luiz do Paraitinga desabaram ou estão ameaçados pelas águas
João Carlos de Faria, especial para o Estado
TAUBATÉ e SÃO PAULO – Um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos do período do café no Estado de São Paulo está sendo destruído pelas águas que inundam a cidade de São Luiz do Paraitinga, a 140 km de São Paulo. A cidade tem cerca de 90 prédios tombados pelo patrimônio histórico estadual, que estão localizados na sua área central.
Pelo menos três casarões localizados na praça Oswaldo Cruz, no centro cidade, e metade da centenária igreja matriz de São Luiz de Toloza, já desabaram na manhã deste sábado, e os demais correm risco de desabamento. Outra igreja centenária, a mais antiga da cidade, a Capela das Mercês, também foi atingida pela catástrofe.
Desde a noite de quinta-feira, véspera do Ano-Novo, a cidade está sob as águas do rio Paraitinga, que está oito metros acima do seu nível normal, segundo a Defesa Civil, que calcula que, cerca de quatro mil pessoas estão desabrigadas e isoladas, pois apenas a parte alta da cidade não foi atingida pela enchente. No entanto, pelo menos 60% da população, de 10,9 mil habitantes, estão sendo prejudicados direta ou indiretamente pelas chuvas.
O acesso à cidade só pode ser feito por helicóptero. Desde a manhã de hoje, homens do Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental e do Exército iniciaram o resgate dos moradores que continuam isolados.
Para isso dispõem de cinco barcos e dois helicópteros – um da Polícia Militar e outro da Aviação do Exército. Uma central de operações funciona na Igreja do Rosário e várias residências estão apoiando a operação.
A Câmara local, a Polícia Civil e outras instituições já iniciaram uma campanha de arrecadação de roupas, cobertores, colchões e gêneros alimentícios. Membros de uma companhia de rafting local tiveram papel fundamental no salvamento, durante a madrugada.
“A situação é complicada, mas há uma equipe de mais de 80 homens que estão trabalhando e já está sendo feito o levantamento dos danos e dada toda a assistência às vítimas”, disse a coordenadora adjunta da Defesa Civil na região, Major Eliane Nocoluki.
Ainda nesse sábado, por volta das 14h, o Coronel Luiz Marçal Kita, chefe da Casa Militar e coordenador estadual da Defesa Civil, deveria se deslocar até a cidade para verificar “in loco” a situação. De acordo com Eliane Nocoluki, o Governo Estadual vai estudar as formas de ajudar a cidade, inclusive na sua reconstrução.
Cunha
Apesar da trégua dada pelas chuvas, a situação ainda continua crítica no município de Cunha. Por volta das 10h, helicópteros do Exército voaram até o local onde um soterramento provocou a morte de cinco pessoas na manhã de ontem, na tentativa de resgatar os corpos que deverão ser levados para o Instituto Médico Legal de Guaratinguetá.
Chuvas deixam a cidade de Cunha (SP) ilhada. Oswaldo Macedo/Foto Repórter/AE
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, as vítimas são membros de uma mesma família e já foram identificadas. São elas, Manoel Moron Rubres, 76 anos; Érica Rubres Moron, 70 anos; Mário Penha da Silva, 46 anos; Ingrid Rubres Moron, 44 anos; Eduardo Moron Silva, 15 anos e Sabrina Moron Silva, 12 anos. A única sobrevivente, Alice Moron, 41 anos, está internada em no Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, onde passou por cirurgia.
A cidade ainda continua isolada por conta de queda de barreiras e de pontes nas estradas que ligam o município a Silveiras e Paraty. No km 37, da rodovia Paulo Virgílio (SP 171), as águas do rio Jacui ainda inundam a estrada, impedindo o acesso à cidade.
O prefeito, Osmar Felipe Neto, sobrevoou o município hoje pela manhã, juntamente com membros da Defesa Civil estadual, para avaliar a situação. “Temos um município muito grande, um dos maiores do Estado de São Paulo. Foram muitas barreiras que caíram. Mas a situação já está sob controle”, disse.
Guararema
Bombeiros encontraram, na manhã deste sábado, 2, os corpos de três vítimas do deslizamento de terra que ocorreu na tarde de sexta-feira, 1º, em Guararema, no interior de São Paulo. O Corpo de Bombeiros continua as buscas, já que uma pessoa continua desaparecida. A cidade está com todos os acessos interditados, já que a chuva provocou a queda de uma barreira no km 75 da rodovia Mogi-Guararema, e interditou o único acesso ao município.
Estradas
Duas rodovias paulistas foram interditadas na manhã deste sábado, 2, devido a erosões e alagamentos, segundo as polícias rodoviárias Federal e Estadual: uma na região de Cunha e a outra em Ubatuba.
Na região de Cunha, a Rodovia Vice-prefeito Salvador Pacettti (SP-171), que liga Cruzeiro a Cunha, no Vale do Paraíba, tem duas áreas bloqueadas: a primeira no quilômetros 44, em decorrência do desmoronamento da cabeceira da ponte de um rio, e a segunda no quilômetro 67, por queda de barreira.
Já a Rodovia Oswaldo Cruz (SP 125), foi totalmente interditada no km 44 devido ao transbordamento de um rio. Quem vai de Ubatuba via Taubaté deverá utilizar a Rodovia dos Tamoios. (com Rita Cirne, da Central de Notícias)