Especialistas do setor prevêem 23% de queda de grãos do pé.
Os produtores de café do sudoeste de Minas Gerais, na área de atuação da Cooparaiso, foram surpreendidos com a forte chuva e ventos nesta madrugada de domingo (16) para a segunda-feira (17). Nenhum instituto de meteorologia havia previsto chuvas para este fim de semana, e o produtor não pode se prevenir, sendo que o café recém colhido estava espalhado no terreiro e, segundo os agrônomos da cooperativa, mais café foi ao chão, somado ao que já tinha caído com chuvas de semanas atrás, perfazendo média dessa região em 23% de café que o produtor agora terá que levantar se não quiser ter mais prejuízos.
O superintendente de Relacionamento com o Cliente da Cooparaiso, Paulo Sérgio Elias, disse que “a chuva aconteceu de maneira generalizada na área de abrangência da Cooparaiso; em todos os nossos núcleos do sul de Minas e também no estado de São Paulo (Altinópolis), exceto em Espera Feliz. Houve chuvas que variaram de 20 até 50 milímetros, o que é considerado um volume bastante expressivo para esta época”.
Paulo Elias também relatou o que isso traz de consequencias: “Isso interfere muito na colheita do café. Um exemplo é de que as chuvas associadas aos ventos, que foram moderados, trazem o aumento da queda de grãos de café do pé – maduros ou secos – que já eram problema em função dos últimos episódios de intempéries naturais que aconteceram na região. Esses grãos em contato com o solo perdem em qualidade, com perda de valor financeiro na comercialização desse café”, relacionou.
Para o superintendente, outro problema que o produtor vai enfrentar a partir de hoje é com o café que já estava colhido espalhado no terreiro. “O café recém colhido ainda não estava no ponto de ficar enlonado (amontoado e coberto por lona) e nem de ir para o secador. Como molhou com a chuva, agora é necessário que ele seja ‘rodado’ com muito mais frequência, até que fique mais seco novamente”.
Paulo Elias ainda informou que não há novas previsões de chuvas para os próximos dias. “Mas temos que ficar atentos, pois há previsão de chuvas para esta semana e semana que vem nas cidades paulistas vizinhas. O produtor tem que ficar atento e todo o café que estiver em ponto de ‘meia seca’, já deve ficar amontoado e elonado, evitando que volte a molhar e aconteça ainda mais perdas financeiras”, alertou.
Representante da Emater em São Sebastião do Paraíso, que teve 40 milímetros de chuvas, Sálvio Antunes, disse que ainda estava fazendo o levantamento da área para ver os estragos que a chuva e os ventos causaram nas lavouras de café. “Estamos visitando a região, mas já sabemos pelos produtores que houve muita queda de café do pé”, relatou.
Na região de Lavras, o gerente do Pólo de Excelência do Café, Ednaldo Abrahão, descreveu a situação como “bastante preocupante. A chuva foi fina e pouca, porém trouxe muito prejuízo. Cerca de 20 a 30% do café que estava no pé da região, agora está no chão, ou seja, a qualidade está muito comprometida. Havia pouca porcentagem de café cereja no pé, o que estava acontecendo é que o café de verde passava direto para seco, o que representa mais prejuízo ainda para o produtor, porque o café verde dá mais trabalho para colher, causando maior desfolha dos galhos, o que é nocivo para a planta. Além disso, o transporte com os apanhadores não parou. O trabalhador vai para a roça e fica esperando a chuva passar, o terreno secar para ele poder colher, ou seja, o produtor paga mais custo de transporte, salário, encargos, entre outros custos”, analisou Ednaldo.
O gerente regional da Emater (Lavras), Marcos Antônio Fabri Júnior, disse que “naquela região 150 mil hectares de café devem ter grãos de café no chão. Há duas semanas tivemos uma chuva que já havia derrubado o café que estava seco no pé, por isso, hoje deve haver uma queda de 30% do total. Esse café do chão tem a qualidade bastante depreciada, pode-se dizer que é um café podre. Além disso, essa chuva anterior fez com que as plantas daninhas brotassem, as ruas do cafeeiro estão com mato acima de 30 centímetros, com café que caiu no chão no meio disso, ou seja, perdido. Deve haver um milhão de sacas no chão, metade deve perder definitivamente, outra metade sem qualidade nenhuma”, relatou o gerente da Emater.
Marcos Fabri contou que “o produtor vai pagar cerca de R$ 10 a mais por cada 60 litros de café retirado do chão e isso não vale a pena, o custo dobra para o produtor. Por esse café do chão ele deve vir receber R$ 220 e gastará R$ 160 para tirar do chão na colheita manual. Isso não compensa”, finalizou.
Riscos
O superintendente da Cooparaiso também alertou que, caso o inverno deste ano seja mais chuvoso, há o risco do produtor abandonar o café do chão. “A perda da qualidade desse café é acentuada e, muitas vezes, não compensa o custo de levantá-lo do chão, e o produtor pode até abandoná-lo, pois os preços hoje já estão bastante deprimidos”, disse.
O gerente do Polo de Excelência do Café, Ednaldo Abrahão, disse que teremos uma colheita com qualidade muito baixa. Especialistas apontam ainda que se o produtor não tirar o café do chão, a próxima safra deve ser acometida por pragas que esse café atrai. Ou seja, os prejuízos não devem se ater à esta safra, como também à próxima.
CHUVA MM | VENTO KM | % Queda de café | Produção (saca de 60 kg) | Volume estimado de perdas (sca de 60 kg) | |
Altinópolis | 22,8 | 41,8 | 15% | 264.000 | 39.600 |
B. J. da Penha | 22 | Forte | 20% | 276.000 | 55.200 |
Espera Feliz | _ | _ | 0% | 457.000 | 0 |
Guapé | 15 | calmo | 25% | 245.000 | 61.250 |
Itamogi | 38 | vento | 20% | 210.000 | 42.000 |
Jacuí | 23 | ameno | 15% | 60.000 | 9.000 |
Passos | 20 | vento | 25% | 128.000 | 32.000 |
Piumhi | 20 | ameno | 30% | 645.000 | 193.500 |
Pratápolis | 38 | forte | 25% | 350.000 | 87.500 |
S.T. de Aquino | 50,8 | 33,8 | 20% | 140.000 | 28.000 |
S.S. do Paraíso | 40 | 43,5 | 20% | 218.400 | 43.680 |
Total | 2.993.400 | 591.730 | |||
Projeção sul de Minas e centro oeste | 23% | 11.834.000 | 2.721.820 | ||
Fonte: | Suporte Técnico da Coopariso |
Coffee Break
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