Du, que tem 30 anos e continua tomando chá em casa, faz parte do número crescente de consumidores chineses que lotam cafeterias e começam a apreciar o que é visto como uma bebida ocidental da moda
08/08/2017
(Bloomberg) — Em uma Starbucks no centro de Pequim, Du Beibei está tomando sua dose de cafeína da hora do almoço. Como muitos chineses jovens, ela optou por uma xícara de café em vez do tradicional chá.
“Eu tomo café três ou quatro vezes por semana e geralmente vou a cafeterias para encontrar amigos”, disse ela. “Elas são mais aconchegantes do que as casas de chá.”
Du, que tem 30 anos e continua tomando chá em casa, faz parte do número crescente de consumidores chineses que lotam cafeterias e começam a apreciar o que é visto como uma bebida ocidental da moda.
O crescimento do consumo resultante está chamando a atenção das redes de grandes marcas, como a Starbucks, que expandiu no mês passado seu alcance na China com um acordo de US$ 1,2 bilhão pelo controle de mais de 1.000 cafeterias. Embora os volumes permaneçam baixos segundo os padrões globais, uma mudança para o café no país mais populoso do mundo, que é também o maior consumidor de chá, poderia ter um enorme impacto ao longo do tempo.
O mercado chinês do café cresceu várias vezes mais rapidamente do que a média global na década finalizada em 2013-2014, de acordo com os dados da Organização Internacional do Café (OIC), à medida que o país prosperava com a urbanização, o crescimento da classe média e o aumento da renda.
As vendas de chá no varejo continuam superando as do café em uma proporção de cerca de 10 para um, mas o crescimento do consumo reflete uma expansão anterior no Japão, que se tornou o quarto maior consumidor de café do mundo na década de 2000.
“Se você analisar a curva de crescimento no Japão entre 1963 e 1973, verá que é praticamente a mesma que a da China na década finalizada em 2014”, disse Joseph Reiner, chefe de café da Cofco International, uma unidade da principal empresa de alimentos da China. “Eles só bebiam chá e agora você vê esse efeito Starbucks.”
O mercado chinês de café, de US$ 1,1 bilhão, é dominado pela Nestlé, com uma participação de 66 por cento, de acordo com a Euromonitor International. A maior empresa de alimentos do mundo diz que é otimista em relação às perspectivas de consumo e projeta que a China se tornará um dos principais países consumidores de café.
Potencial chinês
Embora a demanda chinesa ainda seja uma fração do consumo dos EUA e menos da metade do consumo do Japão, o potencial de crescimento significa que as redes de varejo já estão brigando por uma posição. A Starbucks está no país há quase 20 anos e tem cerca de 2.800 pontos de venda. No mês passado, a varejista com sede em Seattle, nos EUA, informou que compraria seus parceiros em uma joint venture no leste da China, assumindo o controle de aproximadamente 1.300 cafeterias franqueadas.
A OIC estima que a demanda chinesa por café aumentou em média 16 por cento ao ano no período de 10 anos até 2013-2014. Isso se compara com o crescimento global de cerca de 2 por cento, estimou o Departamento de Agricultura dos EUA.
Com a colaboração de Corinne Gretler