Luiz Silveira Com oportunidades de crescimento saturadas nos Estados Unidos e na Europa, a indústria de defensivos agrícolas da China mira no Brasil para diminuir sua capacidade ociosa. Como maiores produtores, consumidores, importadores e exportadores de agroquímicos do mundo, os chineses querem avançar no Brasil com os defensivos genéricos, autorizados no ano passado.O modelo de […]
Luiz Silveira
Com oportunidades de crescimento saturadas nos Estados Unidos e na Europa, a indústria de defensivos agrícolas da China mira no Brasil para diminuir sua capacidade ociosa. Como maiores produtores, consumidores, importadores e exportadores de agroquímicos do mundo, os chineses querem avançar no Brasil com os defensivos genéricos, autorizados no ano passado.
O modelo de negócios buscado pelas companhias chinesas é uma parceria com empresas brasileiras que façam a distribuição de seus produtos, explica o consultor Flavio Hirata, da Allier Brasil, consultoria que mantém um escritório na China para auxiliar as indústrias de lá a encontrar parceiros e a fazer o registro de seus produtos aqui.
Só o laboratório Bioagri, de Piracicaba (SP), realizou nos últimos dois anos cerca de 20 baterias de testes de princípios ativos para defensivos produzidos na China. Os testes são necessários para o pedido de registro do produto no Ministério da Agricultura. “Antes desse período, não tínhamos nenhum cliente chinês. Agora a demanda deles cresce 50% ao ano e já representa algo como 30% dos nossos testes de defensivos”, afirma o diretor técnico do Bioagri, Roberto Bonetti.
O presidente da Associação Chinesa do Petróleo e Química, Li Yongwu, acredita que há muito espaço para os negócios com o Brasil crescerem no setor de agroquímicos. “O Brasil é o segundo maior mercado de defensivos do mundo, mas ainda há poucos produtos chineses aqui”, disse ele, que participou ontem do II Simpósio Brasil-China de Agroquímicos, realizado em São Paulo .
A China tem hoje 1.803 fabricantes de defensivos, mas Hirata ressalta que o governo chinês pretende reduzir esse número para menos de 500, de forma a garantir competitividade ao setor. “A China tem 7% do território mundial e 22% da população, por isso teve de desenvolver sua indústria de agroquímicos para ganhar produtividade”, constata Yongwu. Segundo ele, a produção chinesa de defensivos cresceu 32% em 2006.
“Esperamos que o registro de produtos agroquímicos por equivalência reduza os custos de produção agrícola no Brasil, e a China será um parceiro importante para isso”, diz o coordenador-geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luís Rangel.
Segundo uma fonte do mercado, a importação chinesa não tira o sono, por enquanto, nem das indústrias locais nem das multinacionais; as primeiras podem firmar parcerias com chineses e as segundas já têm fábricas no gigante asiático.