Na China indicadores econômicos mais fracos, bancos com suposta dificuldade em atingir um volume de empréstimos programado e finalmente informações sinalizando para um estímulo do governo em investir em infraestrutura, permearam o humor dos mercados na semana.
Impossível não citar o vai-e-vem no noticiário sobre a situação da Grécia e da zona do Euro, que ora é mais pessimista (realista?) e ora mais otimista (“menos-pessimista”?).
No Brasil o Real desvalorizou ainda mais chegando a negociar a 2.1062 contra o dólar na quarta-feira (nível que não víamos desde 15 de maio de 2009), e depois voltando abaixo de 2.00 ajudado pela intervenção do BC.
As bolsas de ações ao redor do mundo fecharam a semana com leve ganho, diferentemente dos principais índices de commodities que perderam entre 1.70% e 2.92%.
Dos componentes do CRB, apenas o suco de laranja e a prata subiram, e entre os maiores perdedores estão o milho com baixa de 8.61%, o cacau com queda de 5.72%, o algodão que escorregou 5.03% e o café em NY com preço 4.20% menor.
O robusta na LIFFE mais uma vez deu de ombros para o que acontece com seu primo rico, e pouco se importou com as preocupações sobre a demanda por commodities em um eventual menor apetite chinês.
A arbitragem por consequência firmou mais, e tudo parece que tem mais para ganhar. Vale lembrar que ela saiu de US$ 152 centavos em janeiro para os atuais US$ 68 centavos, ou em outras palavras uma saca de arábica comprava 2,87 sacas de robusta e hoje compra 1,67.
No físico foi reportado um bom volume de negócios antes da queda na ICE. Diferenciais FOB inclusive saíram bem próximos dos descontos históricos.
Demanda de cafés lavados se mantém morna, e uma melhor safrinha na Colômbia pressionou um pouco os diferenciais por lá. No Peru a colheita a todo vapor deve em breve trazer mais produto ao mercado. Para os cafés da américa central, o que há disponível tem encontrado apenas um destino, o “C”, cujos estoques devem subir um pouco.
Quente mesmo está o robusta no Vietnã e o conillon brasileiro, com o primeiro tendo preços internos no maior patamar do ano, e o último negociando a 4 dólares por tonelada acima de Londres no mercado internacional.
A desvalorização do câmbio tem um impacto negativo e pode continuar impedindo uma recuperação dos preços, ainda mais com a entrada de safras dos países mencionados acima.
O contrato de arábica de NY apesar de ter feito baixas vistas apenas há 21 meses, se transformado em centavos de real por libra-peso, ou mesmo na moeda colombiana, ainda está 15 e 20 centavos mais alto das mínimas que vimos neste ano.
Portanto tudo indica que continuaremos entre US$ 160 e US$ 180 centavos por algum tempo.
Uma excelente semana a todos e muito bons negócios.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting