Publicado 03 Setembro 2009 00:01
Mercados – A seca nas principais regiões africanas de produção de chá, que tem vindo a afectar as plantações, fez disparar os preços do produto para máximos históricos na semana passada. E o movimento de subida não deve ficar por aqui, segundo analistas do sector.
Carla Pedro
cpedro@negocios.pt
A seca nas principais regiões africanas de produção de chá, que tem vindo a afectar as plantações, fez disparar os preços do produto para máximos históricos na semana passada. E o movimento de subida não deve ficar por aqui, segundo analistas do sector.
No próximo ano, os preços do chá poderão ser 10% a 15% superiores às actuais cotações, já de si em níveis nunca antes atingidos. Isto porque os inventários globais estão esgotados, na sequência das reduções nas colheitas dos maiores exportadores, explicou a maior produtora mundial de folhas de chá, a indiana Mcleod Russel, citada pelo “Financial Times”.
Esta perspectiva da Mcleod Russel é partilhada por outros observadores e intervenientes desta indústria, uma vez que a produção foi afectada por fenómenos simultâneos de seca na Índia, Sri Lanka e Quénia, que estão entre os principais produtores mundiais.
Nos leilões da cidade queniana de Mombaça, onde se estabelece o preço de referência a nível mundial, licitam-se chás de várias qualidades, provenientes da maioria dos produtores africanos – exceptuando a África do Sul e o Ocidente de África. Segundo os dados da African Tea Brokers, o chá de melhor qualidade atingiu na semana passada um preço médio de 3,97 dólares por quilo, o valor mais elevado de sempre – 36% acima do registado em Janeiro e quase ao dobro do fixado em 2005.
A ajudar à tendência, explica o “FT”, está o facto de a procura continuar a ser robusta, apesar da contracção económica mundial. Segundo os retalhistas citados por aquele jornal, os consumidores vêem o chá como um bem essencial e não estão dispostos a cortar nessa despesa.
Apesar da expectativa de que a seca no Quénia chegue em breve ao fim, já que se estima fortes chuvas para os meses de Outubro a Dezembro devido ao fenómeno climatérico El Niño, o sector está também a virar as suas atenções para a previsão de uma menor colheita na Índia no próximo ano, referiu o mesmo jornal. O que intensifica a pressão altista sobre os preços.
Segundo a agência Bloomberg, a unidade Lipton Tea da Unilever foi a maior compradora nos leilões de chá de Mombaça no primeiro semestre deste ano.