Cesta básica mais barata em Brasília, café a R$ 9,72 representa 9% de alta

Por: Mariana Flores da Equipe do Correio Braziliense

O café também sofreu um reajuste elevado — os R$ 9,72 pagos representavam 9% a mais que em fevereiro


A queda nos preços dos alimentos nos últimos meses favoreceu o poder de compra do brasiliense e puxou para baixo a inflação. Em março, o valor pago pela cesta básica caiu 0,49% e é o menor desde novembro do ano passado (veja gráfico). No primeiro trimestre deste ano os preços caíram 2,21% em relação aos cobrados no fim de 2005. O valor pago pelos 13 itens em março, R$ 173,29, comprometeu 57% do salário mínimo, que até a semana passada era de R$ 300,00. Com o novo valor do mínimo, de R$ 350, a cesta comprometeria 49%. Em março do ano passado, no entanto, o brasiliense gastava 64% do salário mínimo com a compra dos produtos que compõem a cesta, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Naquele mês a cesta custava R$ 167,29, e o salário mínimo estava em R$ 260.


Apesar da redução de preços, Brasília possui a segunda cesta básica mais cara do país. Das 16 capitais pesquisadas, apenas os paulistanos pagaram mais pelos produtos — R$ 177,28. Para comprar os itens básicos eles gastaram no mês passado 59% da menor remuneração legal. O Dieese critica os valores e argumenta que o mínimo deveria ser de R$ 1.489 para cumprir o preceito determinado na Constituição de suprir as necessidades básicas da população — moradia, transporte, vestuário, saúde , educação, higiene, lazer e previdência, além de alimentação.


Dos 13 produtos pesquisados no varejo brasiliense, apenas quatro tiveram aumento nos preços no mês passado. A maior alta foi no valor pago por um quilo de açúcar — 12% a mais, chegando a custar R$ 1,88 em março. O café também sofreu um reajuste elevado — os R$ 9,72 pagos representavam 9% a mais que em fevereiro. Uma alta de 1% foi verificada nos preços da banana e da carne. Neste mês a expectativa é que esses itens não sofram aumentos. O açúcar, por exemplo, que foi reajustado em 14 capitais, não deverá mais sofrer as pressões do mercado internacional, já que no fim de abril começa a safra do produto. “Com o fim da entressafra do açúcar, a produção será normalizada e os preços devem cair. Assim não há razão para alta de preços daqui para frente”, afirma o supervisor da pesquisa, José Maurício Soares, economista do Dieese de São Paulo.


O preço do leite, que vem registrando alta nos últimos meses em várias regiões do país, se manteve em R$ 1,31, valor cobrado em fevereiro, em média, de acordo com o Dieese. Os preços devem se manter em todo o país, segundo expectativa dos produtores. Mas a estabilidade depende do clima e do câmbio. “Os preços não tendem a subir muito, a não ser que a estiagem comece mais cedo ou a questão do câmbio seja revertida. Com o dólar alto, os produtores vão preferir exportar do que manter no mercado interno”, afirma o presidente da Comissão de Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura, Rodrigo Alvim.


Inflação


A queda nos preços dos alimentos ajudou Brasília a ter uma inflação abaixo da média nacional. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) na capital federal ficou em 0,19%, enquanto a média no país foi de 0,22%, segundo os dados divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi o quarto menor índice do mês entre sete capitais pesquisadas. Os preços dos alimentos caíram 0,59% no mês passado, a maior queda registrada no período. Reduziram também os valores cobrados por transportes e vestuário, -0,27% e -0,32%, respectivamente. No caso dos transportes, foi registrada uma redução de 1,48% no preço da gasolina.


Em abril o reajuste autorizado pelo governo para os medicamentos deverá pesar no bolso dos brasilienses. Os remédios comprometem, em média, 2,37% orçamento familiar. A população também deverá gastar mais na hora de comprar roupas com o lançamento da coleção outono-inverno, segundo o coordenador do IPC-S Brasil, André Braz.

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