Segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o negócio será fechado pela Exportadora de Café Guaxupé
Em meio à crise de preços enfrentada pela cafeicultura brasileira, os produtores de Minas Gerais se preparam para o primeiro embarque ao exterior com o selo Certifica Minas Café, que dará premiação pela qualidade do grão. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou ontem que o negócio será fechado pela Exportadora de Café Guaxupé, sediada no município de mesmo nome, no Sul de Minas, prevendo, inicialmente, a destinação ainda neste mês de 50 mil sacas a clientes na Europa A certificação vai permitir acréscimo de R$ 3 ao preço de cada saca negociada, como resultado da adaptação das fazendas credenciadas pelo programa estadual de certificação criado em 2007.
Amostras do produto já estão sendo colhidas pela empresa exportadora. Segundo Niwton Castro Moraes, assessor especial de café da Secretaria de Agricultura, a primeira exportação de café com o selo Certifica Minas representa um avanço para o setor, que passará a ser visto como os concorrentes estrangeiros certificados. “É o reconhecimento do trabalho conduzido nas fazendas que chega aos olhos dos varejistas e de grandes empresas no exterior”, afirma. Ele prevê também para este ano exportações de cafés com o selo por meio da certificadora UTZ Certified, com sede na Holanda. A empresa e o governo estadual firmaram termo de cooperação há cerca de um ano. A premiação deverá ser de R$ 6 sobre o preço da saca de café exportada.
“Fomos sondados por outras certificadoras internacionais para desenvolver mais parcerias”, disse Castro Moraes. De acordo com balanço relativo a 2012, 1.643 propriedades já foram certificadas pelo programa estadual e a meta é atingir 1.750 fazendas até o fim do ano. A certificação é concedida a partir da adequação das lavouras a duas vertentes: redução dos custos de produção e atendimento de critérios socioambientais do cultivo.
Sustentabilidade
Os cafeicultores têm de cumprir 95 condições para obter o selo, das quais 37 são ações de preservação do meio ambiente e 26 se referem à produção sustentável e à conservação de recursos hídricos. As fazendas são acompanhadas por técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas (Emater-MG) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na aplicação das normas, baseadas em exigências de mercado por uma produção de qualidade. O acordo firmado com a holandesa UTZ proporciona complementariedade dessas práticas com outras medidas adotadas no mercado externo.
Maior produtor de café do Brasil, o estado responde por 52,7% do volume nacional. No ano passado, a produção mineira foi de 26,9 milhões de sacas, obtidas numa área plantada de 1 milhão de hectares distribuídos entre mais de 600 municípios. Trata-se do segundo produto da pauta de vendas externas de Minas, depois do minério de ferro, liderando as exportações do agronegócio estadual. Os cafeicultores mineiros exportaram o equivalente a US$ 3,8 bilhões em 2012, cifra que representou 49% dos embarques do agronegócio.