07/07/2009 – Milhares de pequenos agricultores que contribuem para o Brasil ser um dos maiores produtores de café do mundo não querem, nem podem, ficar atrás no movimento de sustentabilidade. Ser um cafeicultor sustentável, porém, não é fácil. Só para se adequar à norma holandesa UTZ, a mais respeitada no setor de café, é preciso seguir 150 regras. Cerca de 200 pequenos cafeicultores do interior paulista que participam da cadeia produtiva da empresa Sara Lee, dona da franquia Café do Ponto, estão tendo apoio dela para aprimorar as lavouras e obterem a certificação. Desde o início do projeto Qualidade do Café, em 2002, 99 agricultores familiares de quatro cidades do Nordeste de São Paulo foram certificados.
Segundo o superintendente da divisão responsável pela venda de café “verde” da Sara Lee no Brasil, Arthur Graf, a região de Serra Negra foi escolhida pela concentração de pequenos produtores com baixa tecnologia.O agrônomo José Luiz Monteiro, da Decisão Consultoria, parceira do projeto, fala das mudanças ocorridas: — Encontramos muitos produtores que não gerenciavam direito, usavam defensivos em excesso, contratavam funcionários sem registro e não tinham como pagar um agrônomo para dar assistência.Isso foi sendo modificado e incutiu-se neles um espírito de cooperação para continuarem trabalhando em grupo mesmo depois de certificados e o projeto partir em direção a outras regiões onde há lavouras familiares, como a empresa pretende.
Na primeira fase do projeto, 40 produtores foram assistidos por técnicos com o principal objetivo de melhorar a qualidade do café, tornandoos mais competitivos. Com a qualidade melhor, conferida por exemplo na marca “Safra Social”, vendida em lojas Café do Ponto e na rede Wal-Mart, veio o retorno financeiro e a melhora no ânimo para se ir adiante.
Os passos seguintes foram uma capacitação gerencial para despertar nos produtores a importância social, econômica e ambiental de suas lavouras.A segunda fase, iniciada em 2006, inclui a certificação das lavouras, que exige o respeito a boas práticas agrícolas, métodos de trabalho seguros, gerenciamento eficiente e respeito à segurança alimentar.— Nosso principal objetivo era melhorar a qualidade do café para aumentar a receita desses produtores, mas com tudo sendo melhor gerenciado a produção aumentou também — conta Graf. O produtor Paulo Pagan, de Amparo, é um que mudou muito a forma de cultivar: — Eu trabalho na lavoura de café sozinho e na minha propriedade de 20 hectares também planto noz pecã e crio gado. Só contrato pessoas na época de colheita e hoje todas são regularizadas.A união com outros produtores possibilita também que juntos tenhamos um técnico para nos auxiliar. Usamos defensivos agrícolas ainda, mas com cuidado para não prejudicar o meio ambiente, os animais e a nós mesmos. A produtividade aumentou em 20% e a certificação facilita a venda do café — conta Paulo.