ECONOMIA
04/04/2010
Com qualidade e consciência
Certificação agrícola cresce no País, mas o foco é para quem exporta
O mercado de certificação ambiental vem crescendo no Brasil, tanto nas unidades agrícolas e florestais produtoras de matérias-primas quanto no de produtos acabados que chegam ao consumidor final. A informação é do secretário-executivo da organização não governamental Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Luis Fernando Guedes
Pinto.
\”O que a gente vê no Brasil, tanto no setor florestal como agrícola, é que a certificação cresce a taxas muito altas desde a década de 90\”, disse Guedes Pinto à Agência Brasil. Boa parte, porém, da produção certificada ainda é exportada e não chega a todos os brasileiros.
Segundo Guedes Pinto, na agricultura a certificação é cada vez mais importante, principalmente para quem quer acessar
mercados especiais. \”E o mercado internacional de exportação é principal para isso\”, diz Guedes. No setor de florestas naturais de madeira tropical, a certificação não tem crescido muito porque existem ainda entraves a serem resolvidos no que se refere ao crescimento legal e certificável das madeireiras no Brasil. O processo, contudo, já começou.
\”Seja para atingir novos mercados, seja por uma questão de gerenciar risco ambiental, seja para melhorar a imagem e reputação da empresa\”, comenta. Guedes Pinto afirmou que o consumidor brasileiro ainda não tem consciência das normas de proteção socioambiental envolvidas no processo de certificação.
“Ele ainda não entende o que são esses selos que estão nos produtos, mas cada vez encontra uma oferta maior de produtos certificados, coisa que na Europa, no Japão e em algumas áreas dos Estados Unidos, o consumidor já tem contato há muito mais tempo\”, acrescenta Guedes.
Ele afirmou, entretanto, que a tendência do mercado de certificação no Brasil é irreversível, no sentido de tornar-se um instrumento cada vez mais importante para diferenciar os produtores e seus produtos. \”Para apresentar garantias
de origem, é preciso mostrar que se vêm de uma origem responsável, que respeita o meio ambiente e os trabalhadores\”.
CAFÉ LIDERA
A cadeia produtiva do café lidera os setores agrícolas nacionais com certificação ambiental. \”No café, isso já é consolidado\”, declarou Luis Fernando Guedes Pinto, secretário- executivo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que fica em Piracicaba (SP).
Segundo ele, no setor florestal de papel e celulose, o processo está avançado e mais de 25% da produção brasileira certificados. As principais plantações se localizam no Centro-Sul do País. Na cadeia da madeira sólida, especialmente na
Amazônia, tem o selo verde, já é conhecida e apresenta potencial de crescimento. \”Ali tem muito para crescer. A certificação tem um papel fundamental, porque menos de 5% da madeira brasileira é certificada com esse selo\”.
O trabalho de certificação começa a crescer também na cadeia produtiva do cacau. No setor sucroalcooleiro, envolvendo principalmente o açúcar para produção de etanol voltado à exportação, as regiões Nordeste e Centro-Oeste e o estado de São Paulo lideram as áreas de expansão da certificação no país.
Segundo Guedes Pinto, os produtores certificados também consideram questões relativas aos trabalhadores rurais, garantindo que essas pessoas trabalhem em condições de segurança e saúde, com moradia. \”Enfim, com uma série de questões, que venha o selo\”.