A reunião faz parte das ações preparatórias para a comissão geral que será realizada na Câmara no próximo dia 8 de maio sobre os efeitos da seca na região Nordeste
00h01
Parlamentares do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) voltam a debater nesta quarta-feira a seca que atinge o Nordeste do País.
A reunião, que está marcada para as 15 horas, contará com a presença do gerente-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Café, Gabriel Ferreira Bartholo, além de outros pesquisadores envolvidos com o estudo que traçou o genoma do café resistente à seca.
O encontro, que será realizado na Sala de Reuniões da Mesa Diretora, faz parte das ações preparatórias para a comissão geral que será realizada na Câmara no próximo dia 8 de maio sobre os efeitos da seca na região.
Para o presidente do Centro de Estudos, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), as expectativas com a nova descoberta, feita por pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, é que criadores e produtores rurais do Nordeste, “que já perderam quase um milhão de animais e viram suas lavouras dizimadas pela seca, possam contar com um novo aliado para superar os devastadores efeitos desse fenômeno climático que se abate sobre Região Nordeste e também atinge o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais”.
Pesquisa conjunta
De acordo com Bartholo, foi a partir do projeto que traçou o genoma do café, desenvolvido pela Embrapa, que a pesquisa feita pela empresa e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou o gene (CAHB12), presente no café arábica e altamente tolerante à seca. Em sequência, os pesquisadores transferiram esse gene para outra planta (Arabidopsis thaliana), que foi submetida a um regime de 40 dias sem água e permaneceu saudável. As “testemunhas”, plantas da mesma espécie que não receberam o gene, morreram em 15 dias. Mais do que isso, as suas sementes ficaram resistentes à seca até a terceira geração.
A próxima etapa, diz o pesquisador em biologia molecular Eduardo Romano, será aplicar o gene CAHB12 em culturas como a da soja, cana-de-açúcar, algodão e trigo, dentre outras afins, tecnologia que poderá estar disponível a baixos custos para os pequenos produtores afetados pela seca nos próximos cinco anos.
De acordo com o pesquisador, “além de alternativa para combater os efeitos da seca, a tecnologia pode resultar em uma redução direta do consumo de água, o que também vai repercutir na flutuação dos preços dos alimentos, sempre suscetíveis a perdas de produtividade por causa da seca”.
Endividamento de produtores
Nesta quarta-feira, o Centro de Estudos e Debates Estratégicos também vai debater o endividamento dos produtores rurais nordestinos com a chefe de gabinete da presidência do Banco do Nordeste, Zilana Melo Ribeiro.
Dados divulgados pela Secretaria de Agricultura de Pernambuco, a partir de levantamentos realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), apontam que já morreram mais de 250 mil animais; 450 mil saíram para outras regiões e outros 300 mil tiveram de ser sacrificados precocemente.
A expectativa dos parlamentares, é que a representante do Banco do Nordeste traga medidas que de fato possam minorar a situação enfrentada pelos agricultores, muitos deles já ameaçados de perderem as próprias terras.