Medidas do CMN para café são ineficazes, diz pesquisador do IEA
São Paulo, 29 – O pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura de São Paulo, considera ineficazes as medidas aprovadas hoje pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) a favor da cafeicultura. Segundo ele, “o nível de inadimplência na cafeicultura é grande e poucos poderão se valer dos benefícios”.
“A minoria que está adimplente não quer tomar crédito”, acrescenta.
Vegro acrescentou, ainda, que o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), com repasse de subsídio da ordem de R$ 200 milhões por meio de dois leilões ocorridos em junho e julho, principalmente para as cooperativas, “teve impacto zero”. O pesquisador criticou os representantes do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC), responsáveis pelas diretrizes do setor: “é um conjunto de cabeças brancas em que só habitam idéias de pedra”, comentou. “Os cafeicultores vão ter boas notícias apenas no sobrecarregado dia de ‘São Nunca'”, lamentou. O CDPC reúne representantes do governo e da iniciativa privada, “mas perdeu sentido, pois se tornou uma reunião para ação entre amigos e compadres”, disse.
Vegro observou que a cafeicultura nacional assiste passivamente outros países tomando medidas concretas. Ele citou o Vietnã, maior produtor de café da variedade robusta, cujos contratos futuros poderão ser negociados na New York Board of Trade (Nybot) a partir de 28 de setembro. No ano que vem, o mesmo contrato será negociado em Chicago. “Onde está o esforço do setor nacional na luta para ter de volta o café brasileiro entregue na Bolsa de Nova York?”, pergunta. Conforme Vegro, enquanto outros países caminham em direção ao futuro (o mercado de derivativos), “o Brasil patina em discussões e medidas sem efeito”.