Commodities
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) entregará na próxima semana ao Ministério da Agricultura uma proposta para as regras dos leilões de Pepro (subvenção paga aos produtores) que, na avaliação da entidade, deveria facilitar o escoamento da safra em um mercado com vendas fracas.
Exportadores, cooperativas e indústrias no Brasil têm discutido quais regras deveriam ser mantidas do Pepro do ano passado e quais teriam que ser mudadas, mas as partes estão divergindo sobre diversos itens. O prazo para os participantes entregarem as propostas ao governo termina na segunda-feira.
O projeto final do programa, após a arbitragem do governo, será apresentado para aprovação na reunião do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) em meados de agosto, e o primeiro leilão ocorreria em setembro.
“O programa de Pepro visa escoamento, dá uma subvenção para o produto escoar. Com os baixos preços em reais recebidos, o produtor está retendo. Então o Pepro tem que ser um estímulo para o escoamento”, afirmou o presidente do Cecafé, João Antonio Lian.
O Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) é uma subvenção dada ao cafeicultor que se disponha a vender o produto pela diferença entre um valor de referência e o prêmio disputado em leilão.
As divergências entre produtores e exportadores já começam no valor de referência. Cooperativas defendem um valor superior a R$ 300, o que permitiria aos produtores receberem no mínimo R$ 300 por saca, segundo defende o Conselho Nacional do Café (CNC).
Mas essa posição do CNC enfrenta uma oposição dos exportadores. “Quando você tenta fazer as pessoas acreditarem que o café custa R$ 300 por saca é a cegueira total da cafeicultura”, disse Lian, argumentando que o valor não é defensável, especialmente em um país preocupado com a inflação.
O Cecafé defende ainda menos burocracia e mais “transparência” para que mais produtores possam participar dos leilões.
“O programa do ano passado foi a maior transferência de renda que poderia ter havido na história do café do pequeno cafeicultor em benefício do grande”, disse Lian.
No ano passado, segundo o conselho, mais de 90% dos recursos do Pepro passaram pelas mãos das cooperativas.
Isso, segundo o Cecafé, permitiu que grandes produtores recebessem o prêmio muitas vezes em nome de pequenos cafeicultores.
Além disso, o Cecafé argumenta que o produtor deveria ter prazo para comprovar a documentação até a data do escoamento, dando-lhe mais tempo para reunir os documentos necessários.
O Cecafé argumenta que deveria ser elevado o limite de sacas por produtor participante do leilão, de 300 para 500 sacas.
Diferentemente do ano passado, quando foram feitos apenas dois leilões para 5 milhões de sacas, o programa deste ano, que deverá contemplar 12 milhões de sacas, deveria ter seis leilões.
O Cecafé argumenta que, com tais alterações, o programa teria um “efeito de neutro para positivo” no mercado, ao mesmo tempo em que o produtor seria beneficiado.
“Ano passado acharam que foi o Pepro que melhorou as contações do café. O que melhorou foi a safra baixa brasileira e o movimento de fundos de investimentos para commodities.”
Atraso na colheita
O presidente do Cecafé avalia que, devido à irregularidade nas floradas no ano passado, a colheita da safra brasileira, em desenvolvimento, está “muito atrasada, com um atraso ao redor de 60 dias”.
“A colheita que normalmente terminaria em setembro, devemos terminar provavelmente em 10 de novembro”, declarou ele.
Segundo Lian, os trabalhos estão lentos também devido a uma escassez de mão-de-obra.
No lado da comercialização, há também uma lentidão devido à retenção da safra pelos produtores, até pelo fato de que muitos estão aguardando o anúncio do Pepro.
Outro fator que está reduzindo os negócios são os diferenciais para o café brasileiro, “muito largos”, que têm levado traders a resistirem em suas vendas.