ALIMENTOS FUNCIONAIS
graviola do ceará: a empresa Amazon Pure beneficia cerca de uma tonelada de folhas da fruta por mês
Foto: Cid Barbosa
8/11/2009
Estradas esburacadas, acomodação e manuseio inadequados e tempo de espera prejudicam a conservação das frutas
Bento Gonçalves Do Ceará para os Estados Unidos e Canadá, o extrato de folhas de graviola em forma de cápsulas e chá tem conquistado os consumidores do primeiro mundo. Fabricados pela empresa cearense Amazon Pure, que está participando da Frutal Cone Sul, os produtos têm alta aceitação por suas propriedades como alimentos funcionais. “Começamos há um ano, com a exportação da matéria prima para o mercado norte-americano. Nos últimos seis meses, nos associamos a uma empresa americana, que era nossa maior cliente, e passamos a produzir no Ceará as cápsulas de graviola”, conta o proprietário, Daniel Olinda.
Hoje, a Amazon Pure beneficia cerca de uma tonelada de folhas por mês. Além das cápsulas, fabricadas em Fortaleza, a empresa exporta o chá, cuja produção é terceirizada em São Paulo. Toda a matéria prima vem da fazenda do grupo a maior do Brasil , localizada no município de Trairi, com 32 mil pés de graviola Segundo Olinda, o beneficiamento da folha de graviola como alimento funcional e fitoterápico é uma inovação no Brasil. “Apesar da abundância da graviola no País, a folha nunca tinha sido utilizada para fins comerciais. Este tipo de produto alimentício, o funcional, possui propriedades benéficas para a saúde”, diz.
A Amazon Pure passou a contar, recentemente, com o apoio da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), ligada ao Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (Partec/UFC), em projeto que demandou investimentos iniciais de R$ 300 mil. A assistência envolve suporte tecnológico e a gestão da empresa. “Estamos fazendo no Nutec análises de qualidade, macro e microbiológi-cas, o que possibilita a padronização de produtos e melhor inserção no mercado externo e Brasil”.
Suporte
O coordenador do Partec, Milton de Sousa, explica que o suporte vai além da assistência laboratorial: “o projeto vai contar com consultoria em gestão, inclusive treinamento, assessoria e comercialização”. Para Sousa, abrigar projetos do gênero pode colocar o Nutec/Partec em um outro patamar no desenvolvimento de tecnologias de fármacos, remédios e alimentos funcionais.
“É um negócio viável e repercute na sociedade com a oferta de produtos benéficos para a saúde, além de tornar a incubadora uma referência no setor de funcionais. Além disso, a partir da desvinculação da empresa, o produto gera royalties para a instituição, e consequentemente, para o setor de pesquisas no Ceará”, afirma.
Para Daniel Olinda, participar de feiras como a Frutal Cone Sul é uma oportunidade de ampliar mercados. “Estivemos recentemente numa feira em Toronto, no Canadá, e estamos indo para um evento de produtos naturais em Las Vegas, nos Estados Unidos”, conta. No rastro da boa aceitação da graviola, a empresa já está desenvolvendo chás com outras frutas exóticas, como a romã e o açaí
Há cerca de 30 anos a graviola, típica do Brasil e abundante nas regiões Norte e Nordeste, tem suas propriedades estudadas no exterior. Em 2001, a publicação oficial do Health Sciences Institutes, Estados Unidos, trouxe estudos sobre o tratamento de células cancerígenas com a o extrato das folhas deste produto. Estes estudos laboratoriais comprovam que a substância Acetogenina, presente na folha da graviola, reduz em tubos de ensaio as células cancerígenas até 10 mil vezes mais rápido se comparado com medicamentos quimioterápicos potentes, como o Adriamycin. Esses resultados foram alcançados sem os efeitos colaterais e agressão ao sistema imunológico, comuns dos tratamentos tradicionais.
Contudo, os laboratórios farmacêuticos ainda não conseguiram sintetizar a Acetogegina para registrar patentes e investir neste produto em larga escala de medicamentos. Isto faz com que a substância esteja presente exclusivamente em alimentos funcionais, como os da parceria entre Amazon Pure e Nutec.
SAMIRA DE CASTRO*
REPÓRTER
* A repórter viajou a convite do Instituto Frutal