CDPC busca alternativas para a cafeicultura de montanha e para a indústria de solúvel, diz CNC

9 de novembro de 2012 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

BALANÇO SEMANAL — 05 a 09/11/2012
 
– Na semana, Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) busca alternativas para a cafeicultura de montanha e também para a indústria de solúvel. O colegiado analisou, ainda, fundamentos de mercado e espera que as compras industriais sejam retomadas a partir de janeiro.
 
CLIMA E SAFRA — Esta semana foi marcada pela realização da 64ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC). No encontro, o colegiado, composto por representantes do Governo Federal e de todos os elos da iniciativa privada, aprovou, entre outros pontos, a criação de dois Grupos de Trabalho.
 
O primeiro GT focará a busca por soluções à cafeicultura de montanha, atividade que tem seu custo de produção bem mais elevado que em outras áreas do cinturão produtor nacional, principalmente em função do grande emprego de mão de obra nos trabalhos e da inexistência de maquinários adaptáveis à declividade do solo. Mesmo sendo responsável pela produção de cafés especiais, vencedores de diversos concursos de qualidade, a atividade cafeeira nas áreas de montanha tende a se extinguir caso não sejam adotadas políticas estratégicas específicas à ela e é nesse exato sentido que optou-se pela criação do grupo.
 
Já o segundo GT focará nas necessidades da indústria de café solúvel do Brasil. Esse setor é visto por todos do CDPC como importante veículo de abertura de novos mercados, como já ocorrido em relação ao Japão no passado e, agora, deverá o ser para o Leste Europeu e também para a China. A intenção desse grupo de trabalho é encontrar soluções para agregar valor à cafeicultura nacional e, ainda, gerar mais empregos no setor industrial do solúvel.
 
QUALIDADE — Em uma de nossas explanações na reunião, manifestamos a constante preocupação para que os produtores brasileiros busquem ofertar cafés de alta qualidade, os quais proporcionem sabor e aroma agradáveis, ponto que consideramos fundamental para, além de atrair mais jovens ao consumo, destacar os benefícios que uma bebida saborosa traz à saúde, sendo responsável pelo aumento da atenção, da redução do risco dos males de Parkinson e Alzheimer, de ataques cardíacos, entre outras inúmeras benesses que proporciona.
 
FUNDAMENTOS — Os fatores fundamentais do mercado também foram debatidos pelos membros do CDPC, havendo consenso sobre o fato de que os preços remuneradores em 2010 e 2011 permitiram que os produtores, de maneira inteligente, vendessem toda a safra, fator que nos conduziu para o menor nível dos estoques de passagem dos últimos anos em 2012. Essa ação, aliada à greve ocorrida nos portos brasileiros este ano e à crise financeira, em especial na União Europeia, foi responsável pela redução nas exportações brasileiras.
 
Por outro lado, já pudemos notar uma recuperação no volume remetido ao exterior em outubro, a qual acreditamos que será mais acentuada a partir de janeiro de 2013, porque, obrigatoriamente, as indústrias internacionais terão que recompor seus estoques, saindo do movimento atual de compras da “mão para a boca”, ou apenas para cumprir necessidades pontuais.
 
Atualmente, ainda permanece no mercado a política dos consumidores de pretenderem impor um valor pago ao café brasileiro abaixo dos custos de produção que possuímos. Entretanto, recordamos que as medidas adotadas pelo Governo na disponibilização de recursos para um inteligente programa de ordenamento de oferta deu e ainda dá suporte para que o produtor possa vender somente nos momentos de reação dos preços, não os obrigando a se desfazer de seu produto por qualquer valor ofertado.
 
MERCADO — Os contratos futuros do café continuaram o movimento de baixa observado na semana anterior e, com os preços reduzidos, não se vê interesse vendedor, tanto que o físico no Brasil segue parado. Com as posições vendidas aumentando na Bolsa de Nova York, o que notamos, de fato, é venda de papel, não de mercadoria.
 
Os embarques brasileiros de café realizados nas últimas semanas refletem as vendas antigas e de Cédulas de Produto Rural feitas no ano anterior e entregues em setembro passado. Como consequência disto, no mês de outubro foi verificada uma queda de 9,5% nos embarques do país ante mesmo mês de 2011, segundo o Cecafé. As remessas totais do produto (verde e industrializado) totalizaram 2,874 milhões de sacas no mês passado.
 
Para Guilherme Braga, diretor da entidade, “as exportações mostram a tendência de retomada dos níveis normais de embarques para o período, superando os atrasos ocorridos nos meses iniciais da safra por conta das chuvas que retardaram o fluxo de entrada, bem como as dificuldades causadas pelas greves dos fiscais. Isto, contudo, mantém as expectativas de redução no volume das exportações de 2012, para algo em torno de 28,5 milhões a 29 milhões de sacas”. Ele também crê que os torrefadores devem retornar às compras logo e que o movimento de substituição de grãos arábica por robusta cessou. “Acredito em aquecimento da demanda e não em vendas agressivas no primeiro semestre de 2013”, conclui.
 
De acordo com Márcio Bernardo, analista da Newedge USA, em entrevista à Dow Jones Newswires, os cafeicultores do Brasil estão em boas condições financeiras e podem esperar para ver se as cotações da commodity ainda têm força para subir mais. Em sintonia com ele, o analista Marcus Magalhães, da Maros Corretora, afirmou esta semana que observa-se um “vácuo de oferta” e que os estoques de café no Brasil estão nas mãos de produtores capitalizados.
 
Enquanto continua a “queda de braço” entre as indústrias e os produtores, os estoques das torrefadoras internacionais permanecem baixos e os volumes de vendas de contratos futuros na Bolsa de Nova York continuam aumentando. Esta combinação favorece a ideia de que, em breve, teremos uma correção de preços no mercado.
 
Desta forma, acreditamos que os produtores devem continuar administrando as suas vendas, aguardando o aquecimento da demanda para voltar ao mercado e escoando paulatinamente sua safra.
 
Atenciosamente,
 
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC

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