Boletim semanal – ano 78 – n° 10
Santos, sexta-feira, 11 de março de 2011
Escritório Carvalhaes
Os feriados de carnaval no Brasil e as fortíssimas oscilações das cotações do café nas bolsas de futuro levaram, de um lado a uma semana perdida para o mercado físico brasileiro, e de outro a um quase consenso sobre a próxima quebra da barreira dos 3 dólares por libra-peso nas cotações do café em Nova Iorque.
Os contratos para entrega em maio próximo subiram 835 pontos na segunda-feira, mais 605 pontos na terça e 765 pontos na quarta. Caíram 1430 pontos na quinta-feira e hoje, sexta-feira perderam mais 615 pontos, fechando a semana com um balanço positivo de 160 pontos. Subiram forte com os fundamentos, depois começaram a cair com realização de lucros e terminaram a semana acompanhando uma queda generalizada nas commodities agrícolas e minerais.
Os números e análises divulgados pela OIC – Organização Internacional do Café em seu último relatório mensal reforçam os fundamentos de alta e apontam para uma situação ainda mais apertada no futuro próximo. A safra mundial de café foi revista para baixo e o consumo mundial para cima, mostrando um equilíbrio precário entre produção e consumo na safra 2010/2011 e um quadro ainda mais justo para 2011/2012. Apesar de um crescimento nas exportações mundiais de café, os estoques em mãos de consumidores e produtores nunca foram tão críticos e não é possível prever uma folga nos números em curto e médio prazo. Os estoques certificados em Nova Iorque e São Paulo continuam em queda, sendo que em Nova Iorque só a partir de 2013 serão aceitos cafés brasileiros.
Para tornar mais difícil a análise dos fundamentos, é preciso lembrar que o quadro acima conta com o clima correndo bem nas diversas regiões produtoras. Qualquer problema mais sério, o que é a cada ano mais possível com as mudanças climáticas, levará a um agravamento nos números de produção e estoques.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café Verde, informou que no último mês de fevereiro foram embarcadas 2.663.959 de sacas de 60 kg de café, 18% (399.075 sacas) a mais que no mesmo mês de 2010 e 5% (125.580 sacas) a menos que no último mês de janeiro. Foram 2.371.158 sacas de café arábica e 48.838 sacas de café conillon, totalizando 2.419.996 sacas de café verde, que somadas a 239.533 sacas de solúvel e 4.430 sacas de torrado, totalizaram 2.663.959 sacas de café embarcadas.
Até o dia 10, os embarques de março estavam em 267.771 sacas de café arábica, 27.768 sacas de café conillon, somando 295.539 sacas de café verde, e 25.725 sacas de solúvel, contra 52.767 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 638.898 sacas, contra 316.208 sacas no mesmo dia do mês anterior.
O mercado físico brasileiro foi esvaziado pelos feriados do carnaval, com compradores e vendedores ausentes nos três primeiros dias e apenas observando as fortes oscilações das cotações na quinta e sexta-feira. Os cafeicultores que ainda tem estoque estão capitalizados e acreditam no mercado, não aceitando ofertas mais baixas nos dias de queda no mercado futuro. A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 4, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 11, subiu nos contratos para entrega em maio próximo, 160 pontos ou US$ 2,12 (R$ 3,53) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 4 a R$ 592,89/saca e hoje, dia 11, a R$ 604,36/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 615 pontos.