CANA NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO
04/08/2008 07:08:08 – Brasil agro
O Pólo Centro-Leste, composto por Ribeirão Preto e mais 38 municípios da região, ocupa o quatro lugar no ranking estadual de produção agrícola de 2007 da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta). Essas cidades são responsáveis por 8,6% dos R$ 31,9 bilhões gerados pelo setor no ano passado no Estado. A cana-de-açúcar segue como principal produto regional, porém, segundo a Apta, a tendência é que haja redução da produção nos próximos quatro anos.
O valor total da produção agrícola do Pólo Centro-Leste em 2007 foi R$ 2,7 bilhões. Destes, 55,4%, ou seja, R$ 1,5 bilhão, são provenientes da cana. Segundo o diretor regional da Apta, José Ramos Nogueira, o quatro lugar no estudo realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), que calculou a soma do valor ou receita bruta dos produtos da agricultura e da pecuária, é significante. “São Paulo é o Estado mais rico do País e esses números mostram importância econômica da região.”
A região foi a segunda entre os 16 pólos estaduais quanto à produção de cana-de-açúcar e em produtos para indústria. Mas Nogueira prevê redução. “Os produtores têm o hábito de produzir aquilo que dá menos trabalho e mais retorno, no caso, a cana. Ela está estabilizada, mas com a mecanização, a tendência é que haja queda de 20% até 2012.”
A queda aumentará a diversidade de produção na região que, segundo Denise Viane Caser, uma das pesquisadoras do IEA responsáveis pelo estudo, é baixa. “Quatro produtos correspondem a 86% da produção do pólo. É pouca diversificação.”
“A colheita mecânica obrigará o produtor de áreas com grandes declives a aderir a outras culturas como pecuária de corte, leite e a fruticultura”, afirmou Nogueira.
Devido à pouca diversidade, o engenheiro agrônomo Pedro Luiz Candia Leoni é visto como exceção. Ele tem uma fazenda em São Simão e planta café desde 1950. “É uma tradição de família que começou com meu avô. Todos os meus vizinhos plantam cana, menos nós”, disse o engenheiro, que em 80 hectares tem 400 mil pés de café plantados e colhe cerca de 1,5 mil sacas ao ano.
Segundo Leoni, a rentabilidade é o principal fator na hora de cultivar um produto. “Se o café não nos desse uma renda superior à da cana, talvez não manteríamos a tradição.”
Cultura ainda é a principal do Estado
A cana-de-açúcar segue como principal produto agrícola do Estado de São Paulo, 10 dos 16 pólos regionais da Apta a têm como principal produto agrícola. Porém, a participação no valor total de produção caiu de 45,5% em 2006 para 36% em 2007.
Segundo o estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a cana representou 36% do valor total de produção do Estado em 2007, ou seja, R$ 11,5 bilhões dos R$ 31,9 bilhões produzidos. Em 2006, esse número correspondeu a 45,5 % dos R$ 33 bilhões: R$ 15 bilhões vieram da cana. Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio Padua Rodrigues, a queda deve-se aos preços menores. “Houve um incremento na área plantada de cana, porém a redução é justificada pelos preços, que em 2006 eram de R$ 52 a tonelada e, no ano passado, R$ 35”, disse. De acordo com a Unica, a produção de cana deve estagnar no Pólo Centro-Leste. “Ela está crescendo sobre as pastagens, mas em Ribeirão não há mais para onde crescer”, disse Padua. Ele prevê crescimento da participação da cana na produção agrícola em 2008. “Não é possível que o valor continue tão baixo” (Gazeta de Ribeirão Preto, 2/08/08)