Campo Grande vai sediar eventos nacionais para comemora 98 anos da imigração japonesa

Por: A Crítica/MS

No dia 18 de junho a colônia japonesa no Brasil comemora os 98 da sua imigração ao País. Campo Grande terá a oportunidade de sediar dois eventos nacionais para comemorar a data: a segunda edição do Congresso Brasileiro sobre o Movimento Dekassegui e a Exponipo 2006.


Os eventos acontecem simultaneamente, entre os dias 29 de junho e 2 de julho no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo. MS foi escolhido para sediar o evento por ser o Estado mais japonês do Brasil. A estimativa é que pelo menos três por cento da população do Estado é de descendentes nikkeis.
A vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por interesses dos dois países: o Brasil necessitava de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café e o Japão precisava aliviar a tensão social no país, causada por seu alto índice demográfico.


Vencidos os contratos de trabalho, grande parte mudou-se para o interior paulista ou para a região litorânea ao longo da estrada de ferro Santos-Juquiá. Segundo o representante da Associação Esportiva e Cultural Nippo Brasileira, Marcos Paulo Tiguman a adaptação desses imigrantes na época “foi muito difícil por causa da língua que eles não dominavam ainda, a alimentação, os costumes e principalmente a saudade dos familiares”. Atualmente, a colônia japonesa se estende por todo o território nacional, integrando-se à cultura brasileira. Marcos acredita que “hoje se mostra que os japoneses que chegaram aqui naquela época venceram. A imigração japonesa faz parte da História brasileira”.


No final do século XX as dificuldades financeiras inverteram o fluxo de migração entre Japão e Brasil. A “terra do Sol nascente” passou a ser um dos principais países a acolher brasileiros. Pioneiras no processo de terceirização, as pequenas empresas nipônicas recebiam encomendas de grandes organizações. Nelas, não havia perspectiva de carreira ou ascensão profissional, o que não interessava aos jovens japoneses que ingressavam no mercado de trabalho.


Por causa disso, essas empresas começaram a buscar mão-de-obra em países como Brasil. Os trabalhadores estrangeiros foram denominados dekasseguis, palavra japonesa que significa “trabalhar fora de casa”. Hoje, mais de 250 mil dekasseguis trabalham no Japão e estima-se que sejam responsáveis por cerca de três bilhões de dólares em remessas que ingressam anualmente no Brasil. No entanto, os recursos poupados que permanecem no Japão podem ultrapassar a cifra de vinte bilhões de dólares.


Múcio Marinho, presidente do CENIC (Centro Nikkei de Integração, Desenvolvimento e Cooperação) explica que os primeiros imigrantes japoneses que desembarcaram no Brasil hoje formam uma camada da sociedade estabilizada financeiramente. “Os que não conseguiram esta estabilidade estão tendo a oportunidade de retornar ao Japão para buscar essa chance”, revela Múcio. Mas, segundo ele, essa chance poderia ser melhor aproveitada “se eles usassem essa chance para conhecer novas tecnologias, agregar valores, não estão utilizando como deveria. Eles deveriam trazer as novas idéias aprendidas no Japão para serem aplicadas aqui.
Habituados a extrair o máximo de um mínimo de espaço, os japoneses nos legaram várias técnicas de cultivo, como a rotação de culturas e a hidroponia (plantio em água), e implantaram novas espécies, como a soja. Além dos campos agrícolas, marcaram presença nas artes plásticas, divulgaram o origami (dobradura de papel) e o ikebana (técnica de arranjos florais). Na culinária, transmitiram uma alimentação equilibrada, à base de arroz, peixe, soja e legumes.

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