De missões empresarias à negociação de voo BH-Bogotá, várias iniciativas aproximam o país vizinho de Minas
Marta Vieira
Os fabricantes mineiros de bolsas preparam para fevereiro a primeira investida organizada das empresas do setor sobre o mercado da Colômbia, país que entrou neste ano no radar da Embratur – Instituto Brasileiro de Turismo, como alvo das estratégias de estreitamento das relações comerciais com o Brasil. Para Minas Gerais não é diferente. O Sindicato da Indústria de Bolsas do estado coordena missão de empresários que vão participar da principal feira de calçados e couros no país latino, a IFLS, em Bogotá. Cumprirão agenda de visitas a fábricas e ao comércio locais, de 4 a 7 do mês que vem. Em outra frente, a Associação Comercial e Empresarial de Minas (AC Minas) e o governo estadual trabalham pela abertura de um voo direto ligando o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande Belo Horizonte, ao terminal de Bogotá.
A classificação da Seleção Colombiana de futebol para a Copa do Mundo de 2014 só confirmou as expectativas de aproximação comercial com o Brasil. O país recebeu mais de 100 mil turistas colombianos no ano passado, fluxo recorde nos últimos 11 anos, segundo o Ministério do Turismo, que mostra uma evolução de 157,5% em relação à entrada deles em 2002. Pela primeira vez, o indicador voltou e até ultrapassou a melhor estatística de visitantes até então (de 96.846 turistas em 2008), depois da crise financeira mundial.
Em recente encontro com empresários de Minas em Belo Horizonte, o diretor-executivo no Brasil da Proexport Colômbia, organização governamental dedicada à promoção do turismo e das exportações, Alejandro Peláez, afirmou que a instituição apoia a iniciativa de abertura de um voo direto a partir de Confins. O executivo disse a representantes de 25 empresas com sede no estado que a estabilidade conquistada pela economia colombiana garante condições favoráveis a projetos de longo prazo e abre uma janela de oportunidades de negócios no país. “Antes a Colômbia era sinônimo de notícia ruim”, admitiu.
Alejandro Peláez destacou que o país pode ser um destino alternativo à Argentina, parceiro tradicional do comércio de Minas com o exterior, e vive um processo semelhante à ascensão das populações brasileiras das classes C e D. A Colômbia quer elevar suas exportações entre 12% e 15% nos próximos seis anos. Em 2012, exportou o equivalente a US$ 1,26 bilhão ao Brasil e importou US$ 2,8 bilhões em produtos tupiniquins. A receita das vendas brasileiras a clientes colombianos cresceu 4,8% ao ano de 2006 a 2012.
Portas abertas O presidente da AC Minas, Roberto Fagundes, retornou entusiasmado de missão comercial à Colômbia no ano passado. “A Colômbia está abrindo as portas para o mundo e o que nos chama a atenção é o pouco conhecimento que as nossas empresas têm disso”, afirma. O grupo comandado por Fagundes procurou a companhia aérea Avianca com o propósito de demonstrar o interesse pelo aumento do fluxo de turistas entre os dois destinos e pela realização de negócios mútuos.
O governo de Minas também tenta negociar um voo direto da companhia. Procurada pela reportagem, a Avianca informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não haver decisão nesse sentido. A subsecretária de Estado de Turismo e Esportes, Silvana Nascimento, participa das conversas com os representantes da companhia e afirma que estudos já feitos sobre o perfil do turista colombiano mostram identificação deles com a gastronomia e o turismo cultural oferecidos pelo estado. “Vários operadores de turismo estão trabalhando para trazer grupos da Colômbia durante a Copa do Mundo. Vislumbramos um potencial de negócios que Minas Gerais pode também estimular”, afirma.
A Avianca está no Brasil desde 2010, opera em 24 aeroportos, com a oferta de mais de 170 voos diários, de acordo com informações divulgadas no site da empresa. Há estimativas de que 87 mil turistas brasileiros tenham visitado a Colômbia em 2012. Não se sabe o número de mineiros. Levantamento feito pelo Ministério do Turismo aponta como destinos concorrentes do Brasil no mercado colombiano o Caribe, Cuba, México, Uruguai e Venezuela, que ganham em proximidade, com voos que duram no máximo três horas até o país.
Mais próximos
O trabalho de prospecção feito pelos fabricantes mineiros de bolsas na Colômbia mostrou semelhanças nas estações da moda e no gosto dos consumidores com o mercado brasileiro, informa o presidente do Sindibolsas-MG, Rogério Lima. “Percebemos que não teríamos, necessariamente, de fazer uma nova coleção para participar do mercado colombiano. A possibilidade é de ampliação das vendas”, afirma. A seu favor, as marcas de Minas têm preços competitivos e, principalmente, a criação e o design mais moderno. Se a missão ao país latino em fevereiro for bem-sucedida, a expectativa dos empresários é poder expor sua produção em terras colombianas já neste ano, para, então, participar do consumo local em 2015.
A Colômbia ocupou em 2012 o oitavo lugar do ranking dos 10 principais compradores de produtos de Minas Gerais no quesito diversidade. Importou 588 dos 2.961 itens que o estado exportou. Alejandro Peláez, diretor-executivo da Proexport Colômbia, observa que as empresas de seu país têm muito interesse em pelo menos seis segmentos da economia brasileira, dos quais três têm relação direta com Minas: a produção de software, o setor metalmecânico e a mineração. As outras áreas com potencial para promover os laços comerciais são as indústrias de máquinas e dos fundos de investimento, além da hotelaria.
“Nosso propósito e esforço é atender 150 mil brasileiros em 2016”, diz Alejandro Peláez. Entre os itens exportados pelo Brasil para a Colômbia estão milho em grão, automóveis, laminados de aço, motores para veículos, pneus novos para ônibus e caminhões. Dados de 2010, pesquisados pelo Ministério do Turismo, indicam que as vendas externas colombianas são ainda muito concentradas em carvão, hidrocarbonetos e café, produtos que mais cresceram na pauta do comércio do país com o exterior. Estados Unidos e Equador foram os parceiros que se destacaram em aumento de participação nas exportações colombianas. Mais da metade do investimento estrangeiro direto que ingressou na Colômbia naquele ano teve como foco os setores de petróleo e mineração. (MV)