Câmbio volta a puxar os preços para baixo; índice recua 0,06% café (–5,07%)

Vívian Soares

Por: DCI

O fechamento do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de fevereiro com variação de –0,06% abriu as discussões sobre um novo ciclo de deflações nos preços. Em 2005, a pressão cambial fez com que o IGP-DI registrasse cinco meses seguidos de variações negativas — verificadas de maio a setembro. De acordo com o coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a influência do câmbio valorizado ainda existe, principalmente nos preços de atacado, que compõem grande parte do índice. No ano, o IGP-DI acumula alta de 0,66% e nos últimos 12 meses, de 1,15%.


“A desaceleração nos preços por atacado foi generalizada, e afetou desde bens de capital, bens de consumo duráveis e não-duráveis. Mas alguns itens, por ter grande peso na composição e por ter variado muito, puxaram a inflação para baixo”, afirma.


Ele destaca a soja (–4,22%), o café (–5,07%) e o arroz (–11,72%) como itens que lideraram as variações negativas no mês passado. Mas o óleo combustível (–3,68%), que chegou a estar entre as maiores altas do mês passado, também pesou no índice por atacado.


Efeito do câmbio


O câmbio valorizado, que pesa na queda de alguns itens como insumos para a indústria, foi citado pelo coordenador do IGP-DI como um dos fatores que contribuiu para a deflação deste mês. Mas Quadros não acredita em uma manutenção desse ritmo de queda nos preços.

“Esse não foi o único fator que pesou na redução nos preços. A motivação é macro”, avalia.


No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), os alimentos in natura não são mais os itens que pressionam a variação negativa dos preços, apresentando pequena aceleração. Os produtos industrializados, porém, começaram a registrar deflação, puxando para baixo a variação do grupo Alimentação, que saiu de alta de 0,59% para recuo de –0,3% no varejo mas ainda registrou desaceleração nos preços ao atacado. Para o consumidor, também pesaram negativamente os grupos Habitação (–0,11%) e Vestuário (–1,62%).


Os combustíveis, segundo Quadros, ainda estão em desaceleração. Ele acredita que as altas do álcool e da gasolina divulgadas nos últimos dias ainda não foram absorvidas pela pesquisa — captada entre 1º e 28 de fevereiro. “Essas variações dos combustíveis vão ficar mais claras com a divulgação do IGP-10, que deve captar esse movimento nos preços”, afirma.

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